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terça-feira, 19 de março de 2013

Os gêneros literários na concepção de Wellek e Warren.


A literatura não é somente um amontoado de textos que possuem algo semelhante entre si, por isso a classificação de gêneros é tão importante.
Um gênero literário é como uma instituição social, ele existe como uma instituição e não como um animal, ou uma capela, uma biblioteca.  Dentro de uma instituição podemos trabalhar, se desenvolver e até mesmo criar uma nova. Para melhor compreendermos, a teoria dos gêneros é um princípio de ordem que classifica as obras não por tempo ou lugar, mas por meio de tipos de organização ou estrutura especificamente literários. (WELLEK, WARREN, 2003)
O que se torna questionável é o fato de se poder basear-se em livro para analisar outro, pensando-se se existe semelhantes de fato entre eles. Um gênero não permanece imutável, uma vez que se é acrescentado novas obras conforme elas vão sendo criadas e cada qual possui uma característica própria, mesmo fazendo parte de um mesmo gênero, podendo apresentar algo extremamente novo dependendo da forma como é colocado.
Aristóteles e Horácio são as referências clássicas do gênero literário, compreendendo-as em diferentes formas, tendo assim divisões em tragédia e epopéia. Porém Aristóteles foi mais consciente quanto a distinções mais fundamentais, e apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
É claro que com o passar dos tempos estas divisões sofreram modificações até se transformar na teoria como a conhecemos hoje. Algo que mudou de forma bastante drástica foi a maneira de enunciar uma epopéia, por exemplo,  para Aristóteles e os gregos as epopéias  deveriam ser recitadas por um rapsodo e algumas eram acompanhadas por instrumentos musicais e hoje em dia a maioria das obras são lidas com os olhos, em silêncio, com exceção ainda ao drama que necessita de todo um espetáculo para nos transmitir sua verdadeira intenção.
 Outros estudiosos também estudaram as divisões dos gêneros, conforme seu conhecimento e alguns acreditavam que a epopéia era o mais importante gênero literário, outros acreditavam que era a tragédia e ainda existiam os que acreditavam que ambas eram importantes de forma igualitária.
No decorrer dos anos, foram estudados os “tipos” de literatura, já que no inglês a palavra gênero foi atribuída na compreensão literária muito tarde, e muitos dos estudiosos acreditavam também nos subtipos, diferenciando ainda mais as características que deveriam ser atribuídas a uma obra para ser classificada de acordo com aquele subtipo, um exemplo é o romance e o romanceiro.
Algo que deve ser muito importante ao estudar os gêneros é o fato de que não se deve confundir a teoria “clássica” de gêneros com a “moderna”. A teoria clássica é regulamentadora e prescritiva, embora suas “regras” não sejam o autoritarismo tolo ainda atribuído frequentemente a elas. Acredita-se que os gêneros devem sim ser separados e não podem ser misturados, que não se pode permitir esta mistura, Por exemplo, a tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a outro. Logo, esta visão na teoria clássica seria “errônea”, se um gênero é dramático, não se deve misturá-lo ao lírico e assim por diante, deve-se mantê-los puros.
A teoria clássica também diferiu socialmente os gêneros. A epopeia e a tragédia lidavam com os assuntos reais e grandiosos, a comédia com os fatos corriqueiros do dia a dia, e a sátira e a farsa com as pessoas comuns. Tais distinções não pararam somente nestes quesitos, mas foram além englobando também a extensão da obra, ou seja, o esforço de quem a escreveu e outras características.
Já a teoria moderna dos gêneros é totalmente descritiva, ela não impõe regras para os autores e possibilita a “misturas” dos tipos para originar novos tipos, não está preocupada em diferenciar tipo e tipo e sim em dar importância as obras de cada gênio original a fim de encontrar denominadores comuns entre elas para descobrir o seu tipo e seus objetivos literários.
O prazer da leitura vai acontecer se o leitor perceber uma novidade na obra literária, mas se esta novidade for completamente incompreensível ao leitor, este não poderá apreciá-la, portanto, o bom escritor deve-se conformar com os gêneros já existentes e criar algo novo dentro dos recursos que possui alargando o gênero para melhor o beneficiar.
Podemos então dizer, mesmo que cada ideia diferente a respeito dos gêneros gere outras perguntas infindáveis, que a literatura deve-se inovar constantemente através da rebarbarização.  As formas literárias mais complexas desenvolvem-se a partir de unidades mais simples, e por conta disto é que se pode existir todos os outros gêneros originados dos primitivos.
De um modo geral, os gêneros literários envolvem a história da literatura e a crítica literária, levantando contextos especificamente literários, as questões filosóficas referentes á relação da classe e dos indivíduos que a compõem, ao um e ao múltiplo, a natureza dos universais. Mas que fique claro, a concepção de gêneros é mais importante para fins didáticos, e claro, para que possamos compreender o que diferentes autores quiseram mostrar em diferentes épocas, seguindo um conhecimento de mundo que tinha no momento histórico que viveram.

Referência

WELLEK, René; WARREN, Austin, Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários. São Paulo: Martins Fontes, 2003


ps: Não plagie, se usar do meu texto em algum lugar, dê as devidas referências!

terça-feira, 12 de março de 2013

Introdução aos gêneros literários



D’Onófrio defende a ideia de que a literatura é uma forma “de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de expressão a linguagem artísticamente elabora” (D’ONÓFRIO, p. 9, 2000), ou seja, a literatura é uma forma de conhecer o mundo em que se usa da arte para se criar um universo imaginário onde os valores são questionados.
Porém, fazer tal afirmativa não significa que a ficção é falsa, ela apenas  não existe históricamente, a personagem chega até mesmo a ser mais real do que a pessoa real, como afirma D’Onófrio, pois ela não precisa se esconder atrás de um status social e se mostra como verdadeiramente é perante a sociedade, o que as pessoas muitas vezes não tem coragem de fazer.
A literatura é usada como fonte de prazer, pois é a melhor maneira de se conhecer o mundo como verdadeiramente é, fazendo com que os homens pensem e reflitam a respeito de seus verdadeiros sentidos.
Ao longo de toda a história literária da humanidade foram escritas inúmeras obras, cada uma com suas características marcantes e por este motivo é que se existiu a necessidade de estabelecer classificações em gêneros e épocas. Aristóteles foi o primeiro estudioso da literatura que apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
Porém esta estética clássica foi rompida após o movimento de Sturm and Drag, pois os novos artistas a  consideravam um empecilho a livre imaginação criadora.
Sendo assim, a métrica a ser seguida é rejeitada e assim deixam de considerar o poeta artifice e a considerar o poeta “inspirado”, nesta concepção romantica da arte o espírito “dionísico” sobrepõem-se ao “apolíneo”.
Após esta forma romântica então, dá-se prioridade a literatura descritiva onde
a teoria dos gêneros não limita o número das espécies possíveis, admite a possibilidade de mistura dos gêneros existentes e do surgimento de formas literárias novas. A tripartição clássica em gênero épico, lírico e dramático é substancialmente mantida, embora restaurada. (D’ONÒFRIO, p.11, 2000).

A tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a  outro.
Já Northop que estudou os gêneros pela teoria dos mitos, sendo o mito da primavera a comédia, o mito do verão o romance, o mito do outono a tragédia, e o mito do inverno a sátira, dividindo assim a literatura em epos, prosa, drama e lírica.
Para Bakhtine existe a alternância de dois princípios estéticos, sendo eles o monologismo e o dialogismo que enformaram algumas obras literárias através dos anos.
O autor expõe os fatos de como se sucedeu a evolução da literatura tanto em uma visão diacrônica quanto em uma visão sincrônica que é um estudo de um determinado lapso de tempo, mas diz que a divisão em gêneros da literatura só possui, de fato, fins didáticos. O importante é saber e ter consciência da divisão entre poesia e prosa, não por limitar estes estilos, mas porque são diferentes, de fato, até na estrutura, mas isto não significa que não se possa existir poemas em prosa e prosas poéticas.
O que podemos concluir é que a classificação em um gênero literário é relativa, cada obra de alguma forma vai ter características de outra, mesmo que seja uma carnavalização de um estilo, pois uma obra “que não partilhasse com outros textos artísticos semelhanças de formas e de conteúdos, além de inclassificável, tal obra seria incompreensível.” (D’ONÒFRIO, p. 19, 2000).
Por isso, a literatura pode ser dividida em períodos distintos, como, por exemplo, o período vitoriano, a renascença, o século XX, cada um representando um objetivo diferente, dependendo da época em que surgiu e os fins que pretendia, tornando-se assim rótulos literários distintos.
A literatura, repleta de obras que retraram espíritos de épocas, ora com predominância do espírito dionísico, ora do apolíneo, nos dá a base de nosso mundo, da nossa cultura, em diferentes épocas e a divisão em gêneros, relembrando, é mais para fins didáticos. Independente de tudo isto, o importante é ser original, apresentar algo inovador para assim, tornar-se algo literário.

Referência

D’NÓFRIO, Salvatore. Literatura Ocidental. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 2000
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Uma breve explanação sobre os gêneros literários, que será assunto da grande maioria das aulas de teoria literária!