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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Resenha: Uma dose diária de felicidade

Lembram-se que eu disse que o processo de se fazer uma resenha é trabalhoso e requer paciência? Depois de tanto apanhar, devido a proposta de minha professora de Iniciação Científica, tentei, tentei e tentei! E saiu algo que a professora elogiou... Sério, eu ainda não acredito que ela tenha elogiado, mas estou compartilhando com vocês para observarem o quanto melhorei da primeira resenha para esta! É isso ai pessoal e o conto O natal de Elza recentemente virou livro! Isso mesmo, foi publicado pela Editora Scortecci, então fiquem de olho, interessados corram lá! Eu já tenho o meu, pois gostei muito!

Uma dose diária de felicidade

Letícia Maria de Godoy

JOB, Sandra Maria. O natal de Elza. Revista Desassossego, Universidade de São Paulo-USP, p. 150 - 153, 05 jun. 2011.

Doutora em teoria literária pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC e atualmente professora da Universidade Estadual do Norte do Paraná, UENP, Sandra Maria Job é uma autora que faz da literatura um instrumento para questionar a posição da mulher negra na sociedade e entre outros fatores que a levam para um engajamento social, fato este que pode ser observado a partir de suas pesquisas. Toda essa sensibilidade também se faz presente no conto O natal de Elza, onde a autora explora, por meio de uma linguagem acessível, os limites da esperança humana deixando o leitor com a dúvida se o fato fora ou não verdade, mostrando, assim, sua capacidade de transformar o que poderia ser apenas um simples conto em algo grandioso e emocionante de intensas reflexões.
O conto retrata as expectativas criadas pela pequena Elza a respeito do seu grande desejo de que o papai Noel, lhe traga na noite de natal uma boneca, o natal de Elza, porém, não é somente mais um conto natalino, pois Job nos remete a simplicidade da vida que a personagem leva, mostrando a realidade de grande parte da população menos favorecida que também vive nas mesmas condições, de forma elaborada, porém acessível, a autora trata de questões políticas e sociais, mas sem deixar de emocionar o leitor com as cenas de forte laço afetivo existente entre mãe e filha, ressaltando assim a importância da família e o importante papel da mulher na sociedade.
Job, com maestria, ainda permite que o leitor sinta e reconheça a simples vida de Elza, fazendo-o viver com ela a esperança que a mãe lhe dá sobre a vinda “dele”, criando assim uma forte expectativa. Ao tomar o partido de Elza, o leitor se emociona com a inocência dos sonhos de uma criança que os torna sua dose diária de felicidade, levando-o a uma intensa reflexão sobre um período, onde apenas a esperança norteia a vida dos menos favorecidos.
Diferente dos contos típicos de natais, em prosa, detalhistas e fantásticos, como o conto de Hans Christian Andersen, A pequena vendedora de fósforos, a autora nos trás um conto inovador, trabalhando com a realidade vivenciada, abordando o tema da esperança não de forma triste ou trágica, mas com uma magia especial, tornando o conto acessível para todas as idades.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Deception


Today my day was painted dark, gleaned from red blood and with a lighter shade of gray to complete the melancholy of the happy days that left me at the same speed that I found.
I knew what happiness would last too little, or tried to believe it would be worth getting attached to it and believe that last for a long time.
But it wasn't so.
Anything is easy in life , we all know that, but the more complicated is when you see your dream being thrown into the air and no one, no one caring about him. I have dreams, everyone knows it and never measure efforts to run after them, but it's like Drumond already said ...
In the middle of the road was a stone
Had a stone in the way
Had a stone
In the middle of the road was a stone.
I will never forget this event
In the life of my retinas so tired.
Never forget that halfway
Had a stone
Had a stone in the way
In the middle of the road was a stone. (My translation)

What does this mean? The difficulties haunt us and has haunted me more than ever. Launching Points of Life could be a promising start, but was not. Despite the success of the book, many adventures around their composition are making me give a little more to tie in a new edition / drawing, that would be quite interesting. I just have to thank everyone who got their copies, and I ask my sincerest apologies to those who failed for lack of the book, but for lack of willpower (not on my part, because I was called delusional, unrealistic and naive by want this so bad) I think this project is being shelved ... And here I am, giving my face again to receive blows, while humbly seek to be a publisher account to publish my first novel soil.
Thank you all for listening to the rant that both needed to do, I sincerely hope to bring new things to you, that always has supported me a lot!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Novelas de cavalaria: José de Arimateia, A demanda do santo Graal e Amadis de Gaula


Portugal passou por inúmeras dificuldades até conseguir conquistar sua independência na península Ibérica, ela está muito ligada à diferenciação das atividades econômicas da região e as rivalidades dos grupos feudais. Mas esta conquista também não era estável, visto que existiam inúmeros conflitos internos durante este período que perduraram até o reinado de D. Afonso III
Além de enfrentar os conflitos político-militares, eles também tiveram de lidar com a invasão dos mouros, o que fez com que cavaleiros de toda parte viessem para Portugal para lutar e deixassem para trás suas esposas e donzelas apaixonadas, tema bastante abordado nas cantigas trovadorescas. Depois de conseguir expulsar os mouros, Portugal começou a ser impulsionado para o progresso, com isso, a Igreja ganhou mais poder visto que a visão teocêntrica era dominante, afinal não poderia se existir feudalismo sem teocentrismo e vice-versa.
Portugal alcançou o seu ápice de desenvolvimento comercial com o reinado de D; Dinis, este rei incentivou inúmeras atividades importantes para a nação Portuguesa, inclusive a construção da Universidade Portuguesa, ele também foi um grande trovador. Com o tempo, houve modificações drásticas no cenário político de Portugal, principalmente com a dinastia de Avis, que marcou a vitória da burguesia, levando o país para novos rumos como as grandes navegações e descobertas de novos territórios.
Ainda no contexto medieval, no meio de uma sociedade temente a Deus e muito influenciada pela igreja, surgem as novelas de cavalarias que são uma evolução das canções de gestas (poesias de temas guerreiros). Elas, na realidade, são originárias da França e da Inglaterra e foram divididas em três ciclos: o clássico, ou Greco- latino, o carolíngio e o Bretão ou arturiano. Em Portugal o ciclo que se desenvolveu, de fato, foi o bretão. Utilizando-se da “matéria Britânica”, as novelas de maior destaque é José de Arimateia, Merlin e A demanda do santo Graal. Também podemos incluir o Amadis de Gaula que acompanha este ciclo, mas que já faz parte de um período diferente.
Sabemos que a versão portuguesa de Merlin foi perdida e restou apenas a espanhola, mas as outras três foram conservadas e são as mais conhecidas. Essas novelas de cavalaria são traduções portuguesas das obras originais e são as primeiras formas de prosa portuguesa. A igreja, a fim de passar valores para a sociedade, foi uma grande influente nessas adaptações, através das novelas de cavalaria ela impôs a imagem do cavaleiro, até então visto como um homem sujo e desonesto que violava mulheres e saqueava por onde quer que passasse mesmo estando a serviço de Deus, como um homem íntegro,  leal e casto.
Nas novelas de cavalaria, o amor não é mais platônico como nas cantigas trovadorescas, ele é correspondido pela senhora que por ser casada deve contê-lo. Isso é chamado de “amor cortês”, na maioria das vezes, o casal não tem um final feliz e é severamente punido por cometer o pecado de amar. Um grande exemplo deste amor cortês é a relação entre Lancelotte e Guinevere. Logo, é ressaltada nestas novelas de cavalaria a castidade do cavaleiro, para ser um bom cavaleiro, é necessário manter-se casto e leal ao seu senhor. Assim, observa-se que na demanda do santo Graal, toda espécie de amor é considerada pecaminosa.
Fazendo um breve comentário a respeito destas obras, na primeira, José de Arimateia, conta-se a história de José que era da cidade de Arimateia que acompanhou os passos de cristo, depois de sua morte, ele guardou o seu sangue em um santo vaso que guardou por toda a sua vida, até mesmo quando esteve preso alimentando-se dele. Depois de sua morte, ele passou este vaso para o seu filho e mais adiante ele seria conhecido como o Santo Graal, que é o tema principal da Demanda do Santo Graal.
Em a Demanda do Santo Graal, contam-se as aventuras do rei Arthur e os seus cavaleiros da távola redonda. Lancelotte é considerado o melhor cavaleiro do mundo, mas a narrativa descreve a sua única falha. Embora seja um homem casto, ele nutre um amor secreto pela rainha Guinevere, mulher de Arthur, o qual é correspondido pela mesma. Este amor simboliza o cavaleiro terreno que não consegue alcançar a divindade por pecar. Quando é organizado a demanda para ir em busca do Santo Graal, Lancelotte ainda decide participar, mas ele, influenciado por Merlin, acaba se envolvendo com uma princesa acreditando veemente ser ela a mulher que ama e assim nasce Galaaz.
Seu filho Galaaz é o ideal do cavaleiro celestial, pois segue uma vida correta e nunca conhece o amor por mulheres, dedica-se na expedição em busca do Santo Graal e o encontra, o que prova que ele é sim o cavaleiro celestial. Logo, podemos perceber o quanto os preceitos religiosos são impostos nesta obra, pois, ela descreve que a  partir do cavaleiro terreno, nasce um ser melhor que é o cavaleiro celestial.
Já o Amadis de Gaula é um tanto diferente das outras novelas de cavalaria, nela o amor se consolida e já se pode perceber um novo comportamento do homem em relação a sociedade. Um dos problemas que envolvem essa obra é a sua autoria.  Não se sabe ao certo quem a escreveu, pois esta é a única novela de cavalaria que não estava presente na biblioteca de D. Duarte. Existem os que defendem a tese de que ela é de autoria portuguesa e aqueles que defendem que é de autoria castelhana, mas até hoje não se entrou em um consenso.
O Amadis de Gaula fala a respeito do amor proibido de uma princesa (Elizena) com o rei Perion que resulta no nascimento de Amadis. Como a princesa não podia cuidar dele, pois na época era uma atrocidade uma donzela engravidar antes de se casar, sua criada Darioleta botou-o dentro de um cesto e colocou-o no rio. Essa parte da história muito se assemelha a história de Moisés, e assim que um casal simples o encontrou, decidiu cuidar dele. Amadis cresceu e tornou-se cavaleiro e sua missão foi cuidar de uma princesa chamada Oriana da corte de Lisuarte. Acontece que os dois se apaixonam e o amor de Amadis por esta senhora é tão intenso que ele arrisca sua vida em muitos momentos para salvá-la e provar-lhe que a ama, logo, existe sim a servidão total do cavaleiro a senhora, mas diferente das outras novelas de cavalaria, além deste amor ser correspondido, ele também é consumado.
Essas novelas de cavalaria ainda são utilizadas em diversos textos até os dias de hoje, mas ganharam, é claro, uma nova roupagem. São fontes de estudo extremamente importantes para compreender a sociedade da época, seus costumes, gostos e valores, mesmo que nestas obras, em alguns momentos se apresentem temas místicos, como o mago Merlin, ainda assim são grandes obras de cunho épico que nos remete a sociedade portuguesa em transição.

Referências bibliográficas:

LOPES, Oscar; SARAIVA, Antônio José.Gênese da ficção medieval em prosa.In: História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editoraa, 2001. P. 93 -99.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lançamento Pontos da Vida

Olá meus caros leitores... É com grande prazer que lhes informo que, finalmente, o livro ficou pronto! Nem consigo descrever minha emoção diante deste fato, pois eu esperei tanto tempo! Meus amigos, também autores do livro, penso eu, que estão na mesma situação, afinal por vários momentos o livro perigou não sair. O que seria uma pena! Mas tudo deu certo e amanhã a materialização do nosso sonho será apresentada na faculdade, diante de todos os nossos amigos e eu nem consigo pensar neste momento. Não é que eu seja tímida, mas o friozinho na barriga é inevitável só de pensar.
Não pretendo ficar SÓ NISTO, eu estou pensando que com a venda de Pontos da Vida (infelizmente temos uma cota bastante pequena de livros) irei pagar o meu cadastramento na Biblioteca Nacional e também o ISBN para que assim eu possa já PARA ONTEM (risos) publicar um dos livros que escrevi solo. Aliás, um que eu já falei muito a respeito dele, demorou para ficar pronto, mas ele está aqui arquivadinho, pretendo mexer nele e quem sabe, futuramente, vocês já possam comprá-lo! Seria incrível, não é? Mas para hoje o que temos é Pontos da Vida, livro no qual eu tenho um capítulo intitulado "Memorial das Desventuras", gosto bastante dos três contos que nele será publicado. Fizeram partes de momentos importantes da minha vida e agora, finalmente, outras pessoas poderão lê-los.
Sinto-me com aquela sensação de dever realizado. De... De medo de que tudo seja um sonho e amanhã eu acorde em minha cama e descubra que nada disso é real... Espero, mesmo, que seja somente uma impressão (risos).
A vocês, meus fiéis leitores, eu só tenho a agradecer, pois foi graças a todos que eu tive motivação suficiente para NÃO DESISTIR! Porque, por muitos momentos, pensei em abandonar esta minha carreira amadora de escritora, pois, em muitos momentos pensei e tive certeza de que não tinha talento o suficiente para tal.
Amanhã, dia 26 de abril de 2013, a primeira realização do meu sonho se tornará real. A primeira, que fique claro, pois vocês podem esperar MUITO de Letícia Maria de Godoy!
Obrigada, obrigada mesmo! Um beijão pessoal!

Local: PDE - UENP/ CJ (Fafija)
Hora: 20:00 hrs
Data: 26/04/2013
Participação Especial: Professor Benedito Antunes (UNESP -Assis)


terça-feira, 9 de abril de 2013

A Educação em Siqueira Campos pede socorro!


Como alguns já devem saber, alguns dos nossos queridos vereadores não querem aprovar o apoio ao transporte universitário. Fazendo com que não tenhamos um transporte público que nos leve até as universidades. Se esse projeto realmente não for aprovado, teremos de arcar com todas as despesas do ônibus, gerando uma mensalidade absurda e inviável para a maioria dos universitários, sendo que a prefeitura tem por obrigação fornecer transporte gratuito. A reunião para decisão acontecerá hoje às 20:00 hrs na Câmara dos Vereadores.

Peço à todos que nos mobilizemos e não fiquemos quietos. Será organizado um manifesto às 19:30 hrs na Praça Brasil (praça da Igreja Matriz). Levem cartazes, tinta, tambores, narizes de palhaço e o que a criatividade de vocês mandar!

Vamos reivindicar o que é, por direito, nosso! 
Conto com a colaboração de todos os siqueirenses. Obrigado!

terça-feira, 19 de março de 2013

Os gêneros literários na concepção de Wellek e Warren.


A literatura não é somente um amontoado de textos que possuem algo semelhante entre si, por isso a classificação de gêneros é tão importante.
Um gênero literário é como uma instituição social, ele existe como uma instituição e não como um animal, ou uma capela, uma biblioteca.  Dentro de uma instituição podemos trabalhar, se desenvolver e até mesmo criar uma nova. Para melhor compreendermos, a teoria dos gêneros é um princípio de ordem que classifica as obras não por tempo ou lugar, mas por meio de tipos de organização ou estrutura especificamente literários. (WELLEK, WARREN, 2003)
O que se torna questionável é o fato de se poder basear-se em livro para analisar outro, pensando-se se existe semelhantes de fato entre eles. Um gênero não permanece imutável, uma vez que se é acrescentado novas obras conforme elas vão sendo criadas e cada qual possui uma característica própria, mesmo fazendo parte de um mesmo gênero, podendo apresentar algo extremamente novo dependendo da forma como é colocado.
Aristóteles e Horácio são as referências clássicas do gênero literário, compreendendo-as em diferentes formas, tendo assim divisões em tragédia e epopéia. Porém Aristóteles foi mais consciente quanto a distinções mais fundamentais, e apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
É claro que com o passar dos tempos estas divisões sofreram modificações até se transformar na teoria como a conhecemos hoje. Algo que mudou de forma bastante drástica foi a maneira de enunciar uma epopéia, por exemplo,  para Aristóteles e os gregos as epopéias  deveriam ser recitadas por um rapsodo e algumas eram acompanhadas por instrumentos musicais e hoje em dia a maioria das obras são lidas com os olhos, em silêncio, com exceção ainda ao drama que necessita de todo um espetáculo para nos transmitir sua verdadeira intenção.
 Outros estudiosos também estudaram as divisões dos gêneros, conforme seu conhecimento e alguns acreditavam que a epopéia era o mais importante gênero literário, outros acreditavam que era a tragédia e ainda existiam os que acreditavam que ambas eram importantes de forma igualitária.
No decorrer dos anos, foram estudados os “tipos” de literatura, já que no inglês a palavra gênero foi atribuída na compreensão literária muito tarde, e muitos dos estudiosos acreditavam também nos subtipos, diferenciando ainda mais as características que deveriam ser atribuídas a uma obra para ser classificada de acordo com aquele subtipo, um exemplo é o romance e o romanceiro.
Algo que deve ser muito importante ao estudar os gêneros é o fato de que não se deve confundir a teoria “clássica” de gêneros com a “moderna”. A teoria clássica é regulamentadora e prescritiva, embora suas “regras” não sejam o autoritarismo tolo ainda atribuído frequentemente a elas. Acredita-se que os gêneros devem sim ser separados e não podem ser misturados, que não se pode permitir esta mistura, Por exemplo, a tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a outro. Logo, esta visão na teoria clássica seria “errônea”, se um gênero é dramático, não se deve misturá-lo ao lírico e assim por diante, deve-se mantê-los puros.
A teoria clássica também diferiu socialmente os gêneros. A epopeia e a tragédia lidavam com os assuntos reais e grandiosos, a comédia com os fatos corriqueiros do dia a dia, e a sátira e a farsa com as pessoas comuns. Tais distinções não pararam somente nestes quesitos, mas foram além englobando também a extensão da obra, ou seja, o esforço de quem a escreveu e outras características.
Já a teoria moderna dos gêneros é totalmente descritiva, ela não impõe regras para os autores e possibilita a “misturas” dos tipos para originar novos tipos, não está preocupada em diferenciar tipo e tipo e sim em dar importância as obras de cada gênio original a fim de encontrar denominadores comuns entre elas para descobrir o seu tipo e seus objetivos literários.
O prazer da leitura vai acontecer se o leitor perceber uma novidade na obra literária, mas se esta novidade for completamente incompreensível ao leitor, este não poderá apreciá-la, portanto, o bom escritor deve-se conformar com os gêneros já existentes e criar algo novo dentro dos recursos que possui alargando o gênero para melhor o beneficiar.
Podemos então dizer, mesmo que cada ideia diferente a respeito dos gêneros gere outras perguntas infindáveis, que a literatura deve-se inovar constantemente através da rebarbarização.  As formas literárias mais complexas desenvolvem-se a partir de unidades mais simples, e por conta disto é que se pode existir todos os outros gêneros originados dos primitivos.
De um modo geral, os gêneros literários envolvem a história da literatura e a crítica literária, levantando contextos especificamente literários, as questões filosóficas referentes á relação da classe e dos indivíduos que a compõem, ao um e ao múltiplo, a natureza dos universais. Mas que fique claro, a concepção de gêneros é mais importante para fins didáticos, e claro, para que possamos compreender o que diferentes autores quiseram mostrar em diferentes épocas, seguindo um conhecimento de mundo que tinha no momento histórico que viveram.

Referência

WELLEK, René; WARREN, Austin, Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários. São Paulo: Martins Fontes, 2003


ps: Não plagie, se usar do meu texto em algum lugar, dê as devidas referências!

terça-feira, 12 de março de 2013

Introdução aos gêneros literários



D’Onófrio defende a ideia de que a literatura é uma forma “de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de expressão a linguagem artísticamente elabora” (D’ONÓFRIO, p. 9, 2000), ou seja, a literatura é uma forma de conhecer o mundo em que se usa da arte para se criar um universo imaginário onde os valores são questionados.
Porém, fazer tal afirmativa não significa que a ficção é falsa, ela apenas  não existe históricamente, a personagem chega até mesmo a ser mais real do que a pessoa real, como afirma D’Onófrio, pois ela não precisa se esconder atrás de um status social e se mostra como verdadeiramente é perante a sociedade, o que as pessoas muitas vezes não tem coragem de fazer.
A literatura é usada como fonte de prazer, pois é a melhor maneira de se conhecer o mundo como verdadeiramente é, fazendo com que os homens pensem e reflitam a respeito de seus verdadeiros sentidos.
Ao longo de toda a história literária da humanidade foram escritas inúmeras obras, cada uma com suas características marcantes e por este motivo é que se existiu a necessidade de estabelecer classificações em gêneros e épocas. Aristóteles foi o primeiro estudioso da literatura que apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
Porém esta estética clássica foi rompida após o movimento de Sturm and Drag, pois os novos artistas a  consideravam um empecilho a livre imaginação criadora.
Sendo assim, a métrica a ser seguida é rejeitada e assim deixam de considerar o poeta artifice e a considerar o poeta “inspirado”, nesta concepção romantica da arte o espírito “dionísico” sobrepõem-se ao “apolíneo”.
Após esta forma romântica então, dá-se prioridade a literatura descritiva onde
a teoria dos gêneros não limita o número das espécies possíveis, admite a possibilidade de mistura dos gêneros existentes e do surgimento de formas literárias novas. A tripartição clássica em gênero épico, lírico e dramático é substancialmente mantida, embora restaurada. (D’ONÒFRIO, p.11, 2000).

A tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a  outro.
Já Northop que estudou os gêneros pela teoria dos mitos, sendo o mito da primavera a comédia, o mito do verão o romance, o mito do outono a tragédia, e o mito do inverno a sátira, dividindo assim a literatura em epos, prosa, drama e lírica.
Para Bakhtine existe a alternância de dois princípios estéticos, sendo eles o monologismo e o dialogismo que enformaram algumas obras literárias através dos anos.
O autor expõe os fatos de como se sucedeu a evolução da literatura tanto em uma visão diacrônica quanto em uma visão sincrônica que é um estudo de um determinado lapso de tempo, mas diz que a divisão em gêneros da literatura só possui, de fato, fins didáticos. O importante é saber e ter consciência da divisão entre poesia e prosa, não por limitar estes estilos, mas porque são diferentes, de fato, até na estrutura, mas isto não significa que não se possa existir poemas em prosa e prosas poéticas.
O que podemos concluir é que a classificação em um gênero literário é relativa, cada obra de alguma forma vai ter características de outra, mesmo que seja uma carnavalização de um estilo, pois uma obra “que não partilhasse com outros textos artísticos semelhanças de formas e de conteúdos, além de inclassificável, tal obra seria incompreensível.” (D’ONÒFRIO, p. 19, 2000).
Por isso, a literatura pode ser dividida em períodos distintos, como, por exemplo, o período vitoriano, a renascença, o século XX, cada um representando um objetivo diferente, dependendo da época em que surgiu e os fins que pretendia, tornando-se assim rótulos literários distintos.
A literatura, repleta de obras que retraram espíritos de épocas, ora com predominância do espírito dionísico, ora do apolíneo, nos dá a base de nosso mundo, da nossa cultura, em diferentes épocas e a divisão em gêneros, relembrando, é mais para fins didáticos. Independente de tudo isto, o importante é ser original, apresentar algo inovador para assim, tornar-se algo literário.

Referência

D’NÓFRIO, Salvatore. Literatura Ocidental. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 2000
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Uma breve explanação sobre os gêneros literários, que será assunto da grande maioria das aulas de teoria literária!