D’Onófrio defende a ideia de que a literatura é uma forma
“de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de
expressão a linguagem artísticamente elabora” (D’ONÓFRIO, p. 9, 2000), ou seja,
a literatura é uma forma de conhecer o mundo em que se usa da arte para se
criar um universo imaginário onde os valores são questionados.
Porém, fazer tal afirmativa não significa que a ficção é
falsa, ela apenas não existe históricamente,
a personagem chega até mesmo a ser mais real do que a pessoa real, como afirma
D’Onófrio, pois ela não precisa se esconder atrás de um status social e se
mostra como verdadeiramente é perante a sociedade, o que as pessoas muitas
vezes não tem coragem de fazer.
A literatura é usada como fonte de prazer, pois é a melhor
maneira de se conhecer o mundo como verdadeiramente é, fazendo com que os
homens pensem e reflitam a respeito de seus verdadeiros sentidos.
Ao longo de toda a história literária da humanidade foram
escritas inúmeras obras, cada uma com suas características marcantes e por este
motivo é que se existiu a necessidade de estabelecer classificações em gêneros
e épocas. Aristóteles foi o primeiro estudioso da literatura que apresentou a
primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da
teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da
realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam
as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que
imitavam os acontecimentos do cotidiano,
ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos
gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da
época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas,
tornando-se o fulcro das distinções humanas.
Porém esta estética clássica foi rompida após o movimento de
Sturm and Drag, pois os novos
artistas a consideravam um empecilho a
livre imaginação criadora.
Sendo assim, a métrica a ser seguida é rejeitada e assim
deixam de considerar o poeta artifice e a considerar o poeta “inspirado”, nesta
concepção romantica da arte o espírito “dionísico” sobrepõem-se ao “apolíneo”.
Após esta forma romântica então, dá-se prioridade a
literatura descritiva onde
a teoria dos gêneros não limita o número das espécies possíveis, admite a possibilidade de mistura dos gêneros existentes e do surgimento de formas literárias novas. A tripartição clássica em gênero épico, lírico e dramático é substancialmente mantida, embora restaurada. (D’ONÒFRIO, p.11, 2000).
A tripartição genérica
lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em
lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se
sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao
futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a
ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser
inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente
humano.
Por este motivo é que podemos dizer que
existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como
pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a outro.
Já Northop que estudou os gêneros pela
teoria dos mitos, sendo o mito da primavera a comédia, o mito do verão o
romance, o mito do outono a tragédia, e o mito do inverno a sátira, dividindo
assim a literatura em epos, prosa, drama e lírica.
Para Bakhtine existe a alternância de dois
princípios estéticos, sendo eles o monologismo e o dialogismo que enformaram
algumas obras literárias através dos anos.
O autor expõe os fatos de como se sucedeu a
evolução da literatura tanto em uma visão diacrônica quanto em uma visão
sincrônica que é um estudo de um determinado lapso de tempo, mas diz que a
divisão em gêneros da literatura só possui, de fato, fins didáticos. O
importante é saber e ter consciência da divisão entre poesia e prosa, não por
limitar estes estilos, mas porque são diferentes, de fato, até na estrutura,
mas isto não significa que não se possa existir poemas em prosa e prosas
poéticas.
O que podemos concluir é que a
classificação em um gênero literário é relativa, cada obra de alguma forma vai
ter características de outra, mesmo que seja uma carnavalização de um estilo,
pois uma obra “que não partilhasse com outros textos artísticos semelhanças de
formas e de conteúdos, além de inclassificável, tal obra seria
incompreensível.” (D’ONÒFRIO, p. 19, 2000).
Por isso, a literatura pode ser dividida em
períodos distintos, como, por exemplo, o período vitoriano, a renascença, o
século XX, cada um representando um objetivo diferente, dependendo da época em
que surgiu e os fins que pretendia, tornando-se assim rótulos literários
distintos.
A literatura, repleta de obras que retraram
espíritos de épocas, ora com predominância do espírito dionísico, ora do
apolíneo, nos dá a base de nosso mundo, da nossa cultura, em diferentes épocas
e a divisão em gêneros, relembrando, é mais para fins didáticos. Independente
de tudo isto, o importante é ser original, apresentar algo inovador para assim,
tornar-se algo literário.
Referência
D’NÓFRIO, Salvatore. Literatura
Ocidental. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 2000
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Uma breve explanação sobre os gêneros literários, que será assunto da grande maioria das aulas de teoria literária!
Ótimo! Obrigado!
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