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sábado, 11 de janeiro de 2014

Busca das hipóteses de Rosenfeld no filme “Mais Estranho que a Ficção”

Olá pessoal, segue breves explicações que fizemos em algumas aulas e eu achei interessante, muito interessante. Lembre-se nunca pegue nada da internet sem referenciar. Boa leitura!


Busca das hipóteses de Rosenfeld no filme “Mais Estranho que a Ficção”

Letícia Cristina Maioli 
Letícia Maria de Godoy 
Letras Inglês

Anatol Rosenfeld, no ensaio Reflexões sobre o romance moderno, faz uma discussão sobre o romance moderno e propõe ao leitor uma série de reflexões baseadas em hipóteses de extrema importância para a caracterização e compreensão do gênero. E, para que haja um melhor esclarecimento das ideias, analisaremos, superficialmente, o filme Mais estranho que a ficção, lançado em 2006, escrito por Zach Helm e dirigido por Marc Forster.
A saber, as hipóteses levantadas pelo autor são ideias como a existência de um “zeitgéist”, ou seja, um espírito unificador de época que influencia as produções artísticas em cada período da história; a desrealização, ou seja, o não compromisso com a realidade, o rompimento com a mimese do real, o que engloba aspectos como o tempo, o espaço, o personagem e o fluxo de consciência que é a tentativa de representar o que se passa dentro da mente humana.
            Vamos então, analisar cada uma destas hipóteses com exemplos do filme em questão, neste o protagonista Harold Crick, sofre um processo de “maquinização” devido as transformação provocadas pelo capitalismo, o que podemos apontar como o zeitgéist da sociedade da Era 2000. Apesar de ser um homem bem-sucedido, vive exclusivamente em função do tempo, todos os minutos são contados para que possa aproveitá-los ao máximo e sua rotina é exatamente idêntica todos os dias, desde o momento em que escova os dentes, amarra a gravata, toma o ônibus e assim por diante, não tendo tempo nem para pensar.
            Tratando-se da “desrealização”, as obras deixaram de ser mimética, de representar a realidade. Depois de muitos anos vivendo uma vida insignificante (o que se enquadra também em outra hipótese do mesmo autor), Harold começa a ouvir uma voz feminina que “narra” todas as suas ações, como se fosse uma suposta autora de sua “história”. Este fato mostra que não existe um compromisso com a realidade, pois pensamos que a narradora está introduzindo o protagonista do “longa”, até ele ficar completamente assustado em escutar a voz dessa narradora. Percebemos então que, assim como nós, Harold escuta essa pessoa que narra sua vida e no começo pensa estar ficando louco. Algo completamente provável na mente de uma pessoa que sofre de esquizofrenia. Mas não é o que acontece.
Descobrimos no decorrer do filme que a narradora é uma escritora chamada Karen Eiffel, conhecida por “matar” todos os seus protagonistas. Ela está escrevendo a “vida” de Harold e por conta de prazos na editora, precisa, urgentemente, matá-lo e encontrar um brilhante fim para o romance. Para tanto, até mesmo contrata a ajuda de uma assistente que tem a missão de livrá-la do bloqueio criativo. Percebemos o fato claramente quando Harold, em uma cena, preocupado com o tempo como sempre, está no ponto de ônibus e percebe que seu relógio parou. Ele pergunta as horas para uma pessoa que está ao seu lado, ajusta seu relógio e escuta novamente a voz da narradora que diz algo como “mal sabia ele da sua morte iminente.” Diante desta frase Harold fica completamente descontrolado, começando a gritar para o alto e perguntar os motivos de sua morte. Mas, percebemos então, que Karen não o ouve, o que gera uma situação nada mimética, pois Harold começa a ter consciência de que é uma criação.
            De acordo com Rosenfeld, outra modificação essencial foi a “eliminação” ou “ilusão do espaço”. No filme, sabemos onde Harold está e o que está fazendo em cada local mostrado, mas há uma ruptura neste espaço ficcional com o suposto real quando ele liga para Karen enquanto ela está escrevendo exatamente sobre essa sua ação. Depois eles se encontram, o que gera uma situação bastante sobrenatural, pois o que era apenas uma ficção para Karen acaba se materializando exatamente a sua frente, rompendo com as barreiras entre ficção e realidade.
            É possível notar também, uma descontinuidade temporal, como afirma Rosenfeld “os relógios foram destruídos” (p. 80), A representação passa a ser dada de forma subjetiva, pois o homem “não vive no tempo, ele se torna o tempo”. Harold vive o presente, mas a todo o momento, o passado permanece inserido nele, visto que, seus dias são exatamente iguais aos anteriores. E, além disso, através da narradora, conhece seu futuro, inclusive que sua morte está próxima.
            O autor afirma que todas estas transformações foram decorrentes de um único desejo: o de representar, fielmente, as experiências psíquicas tão como são e não como deviriam ser. Por isso podemos identificar também o uso do fluxo de consciência no filme, pois o protagonista se vê obrigado a tomar uma providência para não morrer            e assim sua mente entra em fortes conflitos, perde-se a imagem de um personagem formado, delineado, real. Harold Crick oscila entre o mundo “real” e ficcional desfazendo a ideia da verossimilhança.
Outro fator que pode ser observado superficialmente é o behaviorismo. Harold Crick é um personagem cuja existência é insignificante. Ele não se sobressai dos demais, nem tem uma existência que se destaque no mundo. Ele simplesmente existe. Sua rotina é exatamente igual, ele não tem uma vida social e nem sequer pensa em tê-la. Seu trabalho é sua vida. Vive prezo ao relógio para nunca se atrasar, de modo que possa fazer as mesmas coisas nos mesmos horários. É um “Falso eu” que, como Rosenfeld postula, são seres humanos que “tendem a tornarem-se objetos sem alma entre objetos sem alma. Entes “estrangeiros”, solitários, sem comunicação.” (p.94) Percebe-se que Harold vai perdendo um pouco desta característica behaviorista quando, ao descobrir sobre sua morte iminente, ele começa a aproveitar a vida da melhor maneira possível, começando a tocar guitarra, a faltar ao serviço para se divertir, e mesmo sair com uma garota, coisas que antes nem cogitava em fazer. Então, ao saber que iria morrer, passa a perceber o “sentido” do eu, buscando novos caminhos para serem trilhados antes que tudo acabasse.
Portanto, após a análise que fizemos, consideramos as hipóteses levantadas por Rosenfeld relevantes para o estudo do romance moderno, pois as encontramos em várias outras obras modernas e também no filme Mais Estranho que a Ficção.

Referências


ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In:____. Texto e contexto I. São Paulo: Perspectiva, 2006, p. 75-97.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube!

De onde veio o mote da peça de Gil Vicente, A farsa de Inês Pereira, “mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”?

Trata-se de um mote que foi dado por algumas pessoas descrentes no talento de Gil Vicente, servindo, assim, como ponto de partida para a criação da farsa.
O teatro de Gil Vicente era algo inovador e por isso muitas pessoas acreditavam que ele plagiava suas peças. Audacioso, Gil Vicente aceita o desafio, surgindo deste modo “A farsa de Inês Pereira”.
A farsa já se inicia com uma explicação do autor sobre sua origem, como vemos no trecho a seguir:
A seguinte farsa de folgar foi representada ao muito alto e mui poderoso Rei Dom João, o terceiro do nome em Portugal, no seu convento de Tomar. Era do Senhor de 1523. O seu argumento é que, porquanto duvidavam certos homens de bom saber se o autor fazia de si mesmo estas obras, ou se a furtava de outros autores, lhe deram este tema que fizesse, scilicet, um exemplo comum que dizem: “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube.” E sobre este motivo se fez esta farsa. (VICENTE, p.61. 2002)

Assim, Gil Vicente constrói a farsa em cima do mote que, diga-se de passagem, é mais do que bem desenvolvido ao longo da história, pois ele usa dos tipos sociais e de um enredo comum para surpreender o público com seu jeito irônico de fazer teatro.
Inês é uma moça por casar e que possui o sonho de ter para marido um “homem avisado/ ainda que pobre e pelado.” (VICENTE, p.68, 2002), ou seja, o mais próximo possível de um fidalgo, pois ela é uma burguesinha provinciana. Acontece que Inês recebe o seu primeiro pretendente, Pero Marques (asno que me carregue) e não o aceita de forma alguma, zombando dele, pois apesar de ter dinheiro, Pero é um camponês muito simples que nem ao menos sabe usar uma cadeira.
Desta forma, aparece em sua casa dois judeus casamenteiros e lhe iludem descrevendo o marido que Inês sempre quis: um escudeiro educado, que sabe cantar e tocar instrumento e que possui maneiras gentis. Assim, Brás da Mata (cavalo que me derrube), um interesseiro que apenas quer dar o golpe em Inês, tenta conquistá-la com sua boa lábia, pois o casamento iria lhe tirar da miséria, afinal não tinha dinheiro nem mesmo para pagar o seu criado.
Encantada, Inês se casa com Brás da Mata, mas descobre neste casamento todo o desgosto do mundo, passando a desejar a morte do marido. Ele não a deixa ir a lugar algum e nem mesmo olhar pela janela, Inês passa a viver como uma prisioneira. Eis aqui então uma parte do mote bem desenvolvida: Brás da Mata é como um cavalo, elegante e bonito, mas que derruba Inês. Em busca de glória, Brás vai para a guerra lutar contra os mouros e acaba morrendo de forma desonrosa e Inês vê-se livre do seu odioso casamento.
Mais experiente, Inês decide que se casará apenas com um homem que faça todas as suas vontades, e assim, volta a aparecer em cena Pero Marques, que como podemos perceber é o asno que a carrega. Marido mais bondoso que Pero não existe, Inês é livre para fazer o que quer, pois ele só quer lhe agradar. Aproveitando de toda essa liberdade e da ignorância do marido, Inês comete adultério com um antigo namorado que se tornara Ermitão, um ermitão que reza para o deus do amor.
Tamanha é a ingenuidade de Pero Marques, que, quando Inês diz que o ermitão está muito sozinho, que ela quer lhe fazer companhia, ele se dispõe a levá-la nas costas para atravessar um rio, pois a esposa dissera-lhe que estava grávida e se tomasse friagem poderia perder o bebê.
Inês se vinga do primeiro casamento aproveitando-se do segundo marido e durante esta travessia vai cantando e pedindo para que Pero a responda. Sua canção é cheia de ironia, como podemos perceber no trecho a seguir:
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos amo;
Sempre fostes percebido
pera gamo.
Carregado ide, noss amo
Com duas lousas
Pero: Pois assi se fazem as cousas
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos quero;
Sempre fostes percebido
pera cervo.
Agora vos tomou o demo
Com duas lousas
Pero: Pois assi se fazem as cousas. (VICENTE, p.102-103, 2002)

Inês chama ao marido de “cervo”, dando a ambigüidade de ser ele um servo e também um animal com chifres, e, alegremente, Pero vai respondendo-a no decorrer do caminho. Esta peça mostra a grande criatividade de Gil Vicente, que desenvolveu brilhantemente o mote que lhe foi dado, usando de todos os elementos que caracterizam o teatro vicentino.

Referências bibliográficas:
VICENTE, Gil. O auto da barca do inferno. In: Série bom Livro. 5ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Gêneros Textuais: Questionário importantíssimo!

Gêneros textuais é um assunto extremamente importante e atual, principalmente para os futuros professores de língua materna, pois é uma nova proposta que não visa somente o ensino da gramática pela gramática, mas uma reflexão a respeito das diversas esferas sociais e os gêneros que nelas estão inseridos. Através da perspectiva dos gêneros textuais, o aluno aprende onde e quando utilizar o que aprende na escola em suas diversas situações comunicativas, portanto, é importante para nós, futuros professores, estarmos atualizados!
Então, segue ai umas questões acerca do assunto que devem estar esclarecidas na nossa mente.

1 – Conceitue Gêneros textuais/discursivos, segundo embasamento teórico em Marcuschi e Koch.

R: Os gêneros textuais/discursivos abarcam a grande diversidade de textos que ocorrem nosdiferentes ambientes sociais, os quais são materializações lingüísticas do discurso. Na visão de Marcuschi, caracterizam-se “como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos.” (Marcuschi, p.19,2005). Surgem de acordo com a necessidade comunicativa das pessoas e são, segundo Bakhtin, formas de enunciados relativamente estáveis. Koch & Elias, por sua vez, reforçam a ideia de que são inúmeras as vezes em que não somente lemos, mas nos comunicamos através de textos diversos e por isso seria impossível contabilizá-los, pois os gêneros estão profundamente ligados a vida das pessoas e atualmente estão sendo sistematicamente estudados por profissionais da área da linguística.

2 - Quando e onde estão presentes os gêneros?

R: Estão presentes no cotidiano das pessoas, inseridos nas mais diversas esferas sociais, seja através de um diálogo, uma carta, um telefonema e entre outros gêneros que são usados para a comunicação social. Cada gênero possui uma função social e por isso são encontrados em todo lugar, pois segundo Koch & Elias, são diversas as vezes ao dia em que lemos e nos comunicamos através de textos diversos, tantas que seria impossível contabilizá-las.

3 – Por que os gêneros são indicados pelos PCNs para ensino nas escolas?

R: Porque é necessário ensinar aos alunos como e onde utilizar o que se aprende na escola, pois é tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação” (PARANÁ, 2009. p. 48). Apoiar um ensino pautado nos gêneros é dar ao aluno uma nova perspectiva e colocar o professor na sua verdadeira função de educador de língua materna, que não é mais somente um especialista em textos literários e científicos, mas sim um conhecedor das diversas modalidades textuais, orais e escritas utilizadas na sociedade. Deste modo, a sala de aula se transforma em um espaço para produzir e interpretar textos. Sendo assim, o trabalho com o gênero daria ao aluno muitas oportunidades de interação social, o possibilitando de compreender a intencionalidade dos textos com os quais ele se depara em seu cotidiano, fazendo com que o aluno, de fato, se aproprie dos gêneros para se inserir em uma comunidade letrada. (GODOY, 2012)

4 – Como se dá o contínuo discurso, texto e gênero?

R: O discurso, de modo geral, diz respeito à própria materialização do texto, agindo como o texto em seu funcionamento sócio- histórico, é o resultado de um ato de enunciação, dando-se na manifestação lingüística. Em suma, o discurso é a melhor forma de observar a língua em suas atualizações no contexto prático. O texto trata do objeto linguístico que vai além da frase, podendo ser ao mesmo tempo um processo e um produto, assim, o texto envolve o léxico e a sintaxe e é um evento comunicativo que envolve o produtor, o receptor e as condições de produção. Já os gêneros tratam-se de textos orais ou escritos que se materializam nas diferentes esferas comunicativas em que o ser humano está inserido. São textos que encontramos na nossa vida diária que são constituídos da estrutura composicional, do conteúdo temático, estilo e função social, por exemplo, o diálogo familiar é um gênero oral, dá-se no discurso entre pai e filho e não deixa de ser um texto materializado por meio da fala. Assim, o contínuo discurso, texto e gênero estão intrinsecamente ligados.

5 – O que se compreende por competência metagenérica?

R: Competência metagenérica, segundo Koch& Elias, é a capacidade do indivíduo de identificar os diferentes gêneros mesmo que estejam em diferentes suportes. Por exemplo, o individuo, graças a sua competência metagenérica, é capaz de identificar um bilhete mesmo que esteja escrito na parede.

6 – Como se constituem os gêneros?

R: Segundo o conceito Bakhtiniano, os gêneros se constituem de três elementos intrinsecamente ligados: o conteúdo temático, a construção composicional e o estilo e ainda se tem a função ou propósito comunicativo.

7 – Explique o que se entende por estrutura composicional, conteúdo temático, estilo e função ou propósito comunicativo de um gênero.

R: O conteúdo temático, basicamente é aquilo que dizemos/escrevemos nas situações comunicativas em uma esfera social. É o tema do qual se trata o gênero, por exemplo, o artigo de opinião vai tratar de temas polêmicos da atualidade. Os outros dois, a construção composicional e o estilo são definidos a partir do conteúdo temático. A construção composicional compreende nos recursos gramaticais, lexicais e fraseológicos empregados na construção do texto. A respeito do estilo, podemos observar que alguns gêneros, como os literários, são mais abertos para que a pessoa que o escreve marque a sua individualidade no texto, mas nem todos os gêneros possibilitam esta reflexão da individualidade do falante (BAKHTIN, 2003), ou seja, eles são caracterizados de acordo com o estilo do gênero e não de quem o escreve, como é o caso, por exemplo, dos textos de atividades jurídicas. Por isso, não é válido perante as leis, um boletim de ocorrência em formato de poesia, pois isto reflete a individualidade do escritor e não é esse o estilo que condiz com essa esfera social. O propósito comunicativo é para quem se dirige o gênero e a sua função dentro da sociedade.

8 – Diferencie gêneros textuais de tipo ou tipologia textual. Exemplifique.

R: Os gêneros textuais são mais abrangentes e compreendem todos os textos e discursos que se produzem nas diferentes esferas sociais. Já os tipos de textos ou tipologia textual são mais restritos. São elas: injuntiva, narrativa, argumentativa, descritiva, informativa e expositiva; por exemplo, um gênero pode conter vários tipos de texto, mas com predominância de um.

9 – O que se entende por intergenericidade (koch) ou intertextualidade/ hibridização intergêneros (Marcuschi)? Exemplifique.

R:  Intergenericidade ou intertextualidade / hibridização intergêneros ocorre quando um gênero se dá nas formas de outro, é bastante comum na esfera publicitária, pois eles precisam usar de várias artimanhas a fim de vender o seu produto. Por exemplo, uma tirinha que apresente as características de uma receita, o leitor, por meio de sua competência metagenérica, saberá identificar que não é uma receita, e por isso não a levará a sério a ponto de realizá-la, pois sua função não é de receita.

10 – Explique o que se entende por heterogeneidade tipológica.

R: É quando se tem mais de um tipo de texto presente no gênero em questão, uma narrativa e uma descrição não serão iguais umas as outras, elas apresentam tipos de textos narrativos e descritivos que os fazem ser classificados como tal, mas não significa que são iguais. Koch ressalta que um gênero pode apresentar duas ou mais tipologias textuais e que esse conceito não se confunde com o de gênero textual.

11 – Analise alguns gêneros do ponto de vista de sua composição, conteúdo temático, estilo, função comunicativa e sua heterogeneidade tipológica.

R: O artigo de opinião usa em sua composição de recursos argumentativos a fim de persuadir o leitor e fazê-lo aderir o posicionamento do articulista, trata de assuntos polêmicos da atualidade e é impessoal, o articulista usa de outras vozes para comprovar e dar veracidade aos seus argumentos. A sua função, em suma, é persuadir o leitor e informa-lo sobre o que está acontecendo; Em sua composição existe várias sequencias tipológicas, mas há a predominância da argumentativa.
A charge, por sua vez, é um tipo especial de cartum (maneira de emitir opiniões e acontecimentos do dia a dia). O seu conteúdo temático refere-se à crítica humorística de um fato político, por esse motivo é necessário saber o que anda acontecendo na sociedade para entender a charge. Em sua construção composicional podemos observar que as pessoas representadas têm suas características físicas exageradas a fim de despertar o humor. O estilo da charge, assim, é por meio de uma ilustração, satirizar um acontecimento político atual envolvendo uma ou mais personagens. È considerada um poderoso instrumento de comunicação sócio-político e tem um papel importante na história recente do Brasil, funcionando também como uma maneira de liberdade de expressão, o que podemos chamar de função social.
A notícia é um gênero que se pauta na realidade dos fatos para nos informar sobre uma ocorrência, por esse motivo é sempre atual, pois uma notícia de ontem ou do passado já não interessa mais ao público. Assim, busca apoio em meios de comunicação como a televisão, internet, outros jornais impressos ou não Seu estilo dá-se pela imparcialidade de quem a escreve, pois diferente do estilo literário, onde o autor deixa suas marcas e opiniões transparecerem, na notícia isso não é viável. Sua construção composicional, portanto, é por meio de uma narração técnica, relatar os fatos acontecidos. Assim sendo, por relatar fatos condicionados ao interesse do público em geral, a linguagem necessariamente deverá ser clara, objetiva e precisa, isentando-se de quaisquer possibilidades que porventura tenderem a ocasionar múltiplas interpretações por parte dos receptores. Sua função social é explicita: busca informar os acontecimentos recentes de interesse da grande massa. Quanto à tipologia usada, encontram-se a descritiva, a informativa e a narrativa, com predominância da informativa.

12 – Explique o que são suportes e esferas ou domínios discursivos. Exemplifique.

R: Ainda se tem uma definição bastante vaga para suporte, pois a definição dessa palavra nos dicionários de língua portuguesa nos deixa uma compreensão muito precária do significado se tratando de gêneros textuais. Logo, tentando aproximar-nos o máximo possível de uma “definição” adequada para o termo no quesito de gêneros, entendemos aqui como suporte de um gênero “um locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.” (Marcuschi, p.8) Por exemplo, a carta é um gênero, mas o papel é o suporte do gênero, a tinta é o material da escrita e os correios o serviço de transporte desse gênero em questão.
Já as esferas sociais, ou domínios discursivos, como ressalta Bakhtin, são as esferas da atividade humana, não sendo consideradas como princípios de classificação de gêneros, mas sim que indicam instancias discursivas, por exemplo, o discurso jurídico, o jornalístico,  militar, acadêmico e etc. Não abarcam um gênero específico, mas propiciam o surgimento de vários outros, constituindo, assim, práticas discursivas onde podemos encontrar um conjunto de gêneros textuais próprios ou específicos daquela esfera, por exemplo, o boletim de ocorrência é próprio da esfera jurídica, o dialogo familiar é próprio da esfera familiar e assim por diante.

Referencias bibliográficas

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GODOY, L. M. Gêneros textuais e transposição didática realizada pelo livro didático. In: IX Seminário de Iniciação Científica SóLetras Estudos Linguísticos e Literários, 2012, Jacarezinho: UENP, 2012.
KOCH, E. V. & ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.;
________________. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A. M (Org.). Gêneros Textuais: Reflexões e Ensino. Palmas e união da Vitória (PR): Kaygangue, 2005.
________________. A questão dos suportes dos gêneros textuais. Disponível em: <http://www.sme.pmmc.com.br/arquivos/matrizes/matrizes_portugues/anexos/texto-15.pdf.> Acesso em: 17 Jun. 2013
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa: para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2009.



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Resenha: Uma dose diária de felicidade

Lembram-se que eu disse que o processo de se fazer uma resenha é trabalhoso e requer paciência? Depois de tanto apanhar, devido a proposta de minha professora de Iniciação Científica, tentei, tentei e tentei! E saiu algo que a professora elogiou... Sério, eu ainda não acredito que ela tenha elogiado, mas estou compartilhando com vocês para observarem o quanto melhorei da primeira resenha para esta! É isso ai pessoal e o conto O natal de Elza recentemente virou livro! Isso mesmo, foi publicado pela Editora Scortecci, então fiquem de olho, interessados corram lá! Eu já tenho o meu, pois gostei muito!

Uma dose diária de felicidade

Letícia Maria de Godoy

JOB, Sandra Maria. O natal de Elza. Revista Desassossego, Universidade de São Paulo-USP, p. 150 - 153, 05 jun. 2011.

Doutora em teoria literária pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC e atualmente professora da Universidade Estadual do Norte do Paraná, UENP, Sandra Maria Job é uma autora que faz da literatura um instrumento para questionar a posição da mulher negra na sociedade e entre outros fatores que a levam para um engajamento social, fato este que pode ser observado a partir de suas pesquisas. Toda essa sensibilidade também se faz presente no conto O natal de Elza, onde a autora explora, por meio de uma linguagem acessível, os limites da esperança humana deixando o leitor com a dúvida se o fato fora ou não verdade, mostrando, assim, sua capacidade de transformar o que poderia ser apenas um simples conto em algo grandioso e emocionante de intensas reflexões.
O conto retrata as expectativas criadas pela pequena Elza a respeito do seu grande desejo de que o papai Noel, lhe traga na noite de natal uma boneca, o natal de Elza, porém, não é somente mais um conto natalino, pois Job nos remete a simplicidade da vida que a personagem leva, mostrando a realidade de grande parte da população menos favorecida que também vive nas mesmas condições, de forma elaborada, porém acessível, a autora trata de questões políticas e sociais, mas sem deixar de emocionar o leitor com as cenas de forte laço afetivo existente entre mãe e filha, ressaltando assim a importância da família e o importante papel da mulher na sociedade.
Job, com maestria, ainda permite que o leitor sinta e reconheça a simples vida de Elza, fazendo-o viver com ela a esperança que a mãe lhe dá sobre a vinda “dele”, criando assim uma forte expectativa. Ao tomar o partido de Elza, o leitor se emociona com a inocência dos sonhos de uma criança que os torna sua dose diária de felicidade, levando-o a uma intensa reflexão sobre um período, onde apenas a esperança norteia a vida dos menos favorecidos.
Diferente dos contos típicos de natais, em prosa, detalhistas e fantásticos, como o conto de Hans Christian Andersen, A pequena vendedora de fósforos, a autora nos trás um conto inovador, trabalhando com a realidade vivenciada, abordando o tema da esperança não de forma triste ou trágica, mas com uma magia especial, tornando o conto acessível para todas as idades.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Deception


Today my day was painted dark, gleaned from red blood and with a lighter shade of gray to complete the melancholy of the happy days that left me at the same speed that I found.
I knew what happiness would last too little, or tried to believe it would be worth getting attached to it and believe that last for a long time.
But it wasn't so.
Anything is easy in life , we all know that, but the more complicated is when you see your dream being thrown into the air and no one, no one caring about him. I have dreams, everyone knows it and never measure efforts to run after them, but it's like Drumond already said ...
In the middle of the road was a stone
Had a stone in the way
Had a stone
In the middle of the road was a stone.
I will never forget this event
In the life of my retinas so tired.
Never forget that halfway
Had a stone
Had a stone in the way
In the middle of the road was a stone. (My translation)

What does this mean? The difficulties haunt us and has haunted me more than ever. Launching Points of Life could be a promising start, but was not. Despite the success of the book, many adventures around their composition are making me give a little more to tie in a new edition / drawing, that would be quite interesting. I just have to thank everyone who got their copies, and I ask my sincerest apologies to those who failed for lack of the book, but for lack of willpower (not on my part, because I was called delusional, unrealistic and naive by want this so bad) I think this project is being shelved ... And here I am, giving my face again to receive blows, while humbly seek to be a publisher account to publish my first novel soil.
Thank you all for listening to the rant that both needed to do, I sincerely hope to bring new things to you, that always has supported me a lot!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Novelas de cavalaria: José de Arimateia, A demanda do santo Graal e Amadis de Gaula


Portugal passou por inúmeras dificuldades até conseguir conquistar sua independência na península Ibérica, ela está muito ligada à diferenciação das atividades econômicas da região e as rivalidades dos grupos feudais. Mas esta conquista também não era estável, visto que existiam inúmeros conflitos internos durante este período que perduraram até o reinado de D. Afonso III
Além de enfrentar os conflitos político-militares, eles também tiveram de lidar com a invasão dos mouros, o que fez com que cavaleiros de toda parte viessem para Portugal para lutar e deixassem para trás suas esposas e donzelas apaixonadas, tema bastante abordado nas cantigas trovadorescas. Depois de conseguir expulsar os mouros, Portugal começou a ser impulsionado para o progresso, com isso, a Igreja ganhou mais poder visto que a visão teocêntrica era dominante, afinal não poderia se existir feudalismo sem teocentrismo e vice-versa.
Portugal alcançou o seu ápice de desenvolvimento comercial com o reinado de D; Dinis, este rei incentivou inúmeras atividades importantes para a nação Portuguesa, inclusive a construção da Universidade Portuguesa, ele também foi um grande trovador. Com o tempo, houve modificações drásticas no cenário político de Portugal, principalmente com a dinastia de Avis, que marcou a vitória da burguesia, levando o país para novos rumos como as grandes navegações e descobertas de novos territórios.
Ainda no contexto medieval, no meio de uma sociedade temente a Deus e muito influenciada pela igreja, surgem as novelas de cavalarias que são uma evolução das canções de gestas (poesias de temas guerreiros). Elas, na realidade, são originárias da França e da Inglaterra e foram divididas em três ciclos: o clássico, ou Greco- latino, o carolíngio e o Bretão ou arturiano. Em Portugal o ciclo que se desenvolveu, de fato, foi o bretão. Utilizando-se da “matéria Britânica”, as novelas de maior destaque é José de Arimateia, Merlin e A demanda do santo Graal. Também podemos incluir o Amadis de Gaula que acompanha este ciclo, mas que já faz parte de um período diferente.
Sabemos que a versão portuguesa de Merlin foi perdida e restou apenas a espanhola, mas as outras três foram conservadas e são as mais conhecidas. Essas novelas de cavalaria são traduções portuguesas das obras originais e são as primeiras formas de prosa portuguesa. A igreja, a fim de passar valores para a sociedade, foi uma grande influente nessas adaptações, através das novelas de cavalaria ela impôs a imagem do cavaleiro, até então visto como um homem sujo e desonesto que violava mulheres e saqueava por onde quer que passasse mesmo estando a serviço de Deus, como um homem íntegro,  leal e casto.
Nas novelas de cavalaria, o amor não é mais platônico como nas cantigas trovadorescas, ele é correspondido pela senhora que por ser casada deve contê-lo. Isso é chamado de “amor cortês”, na maioria das vezes, o casal não tem um final feliz e é severamente punido por cometer o pecado de amar. Um grande exemplo deste amor cortês é a relação entre Lancelotte e Guinevere. Logo, é ressaltada nestas novelas de cavalaria a castidade do cavaleiro, para ser um bom cavaleiro, é necessário manter-se casto e leal ao seu senhor. Assim, observa-se que na demanda do santo Graal, toda espécie de amor é considerada pecaminosa.
Fazendo um breve comentário a respeito destas obras, na primeira, José de Arimateia, conta-se a história de José que era da cidade de Arimateia que acompanhou os passos de cristo, depois de sua morte, ele guardou o seu sangue em um santo vaso que guardou por toda a sua vida, até mesmo quando esteve preso alimentando-se dele. Depois de sua morte, ele passou este vaso para o seu filho e mais adiante ele seria conhecido como o Santo Graal, que é o tema principal da Demanda do Santo Graal.
Em a Demanda do Santo Graal, contam-se as aventuras do rei Arthur e os seus cavaleiros da távola redonda. Lancelotte é considerado o melhor cavaleiro do mundo, mas a narrativa descreve a sua única falha. Embora seja um homem casto, ele nutre um amor secreto pela rainha Guinevere, mulher de Arthur, o qual é correspondido pela mesma. Este amor simboliza o cavaleiro terreno que não consegue alcançar a divindade por pecar. Quando é organizado a demanda para ir em busca do Santo Graal, Lancelotte ainda decide participar, mas ele, influenciado por Merlin, acaba se envolvendo com uma princesa acreditando veemente ser ela a mulher que ama e assim nasce Galaaz.
Seu filho Galaaz é o ideal do cavaleiro celestial, pois segue uma vida correta e nunca conhece o amor por mulheres, dedica-se na expedição em busca do Santo Graal e o encontra, o que prova que ele é sim o cavaleiro celestial. Logo, podemos perceber o quanto os preceitos religiosos são impostos nesta obra, pois, ela descreve que a  partir do cavaleiro terreno, nasce um ser melhor que é o cavaleiro celestial.
Já o Amadis de Gaula é um tanto diferente das outras novelas de cavalaria, nela o amor se consolida e já se pode perceber um novo comportamento do homem em relação a sociedade. Um dos problemas que envolvem essa obra é a sua autoria.  Não se sabe ao certo quem a escreveu, pois esta é a única novela de cavalaria que não estava presente na biblioteca de D. Duarte. Existem os que defendem a tese de que ela é de autoria portuguesa e aqueles que defendem que é de autoria castelhana, mas até hoje não se entrou em um consenso.
O Amadis de Gaula fala a respeito do amor proibido de uma princesa (Elizena) com o rei Perion que resulta no nascimento de Amadis. Como a princesa não podia cuidar dele, pois na época era uma atrocidade uma donzela engravidar antes de se casar, sua criada Darioleta botou-o dentro de um cesto e colocou-o no rio. Essa parte da história muito se assemelha a história de Moisés, e assim que um casal simples o encontrou, decidiu cuidar dele. Amadis cresceu e tornou-se cavaleiro e sua missão foi cuidar de uma princesa chamada Oriana da corte de Lisuarte. Acontece que os dois se apaixonam e o amor de Amadis por esta senhora é tão intenso que ele arrisca sua vida em muitos momentos para salvá-la e provar-lhe que a ama, logo, existe sim a servidão total do cavaleiro a senhora, mas diferente das outras novelas de cavalaria, além deste amor ser correspondido, ele também é consumado.
Essas novelas de cavalaria ainda são utilizadas em diversos textos até os dias de hoje, mas ganharam, é claro, uma nova roupagem. São fontes de estudo extremamente importantes para compreender a sociedade da época, seus costumes, gostos e valores, mesmo que nestas obras, em alguns momentos se apresentem temas místicos, como o mago Merlin, ainda assim são grandes obras de cunho épico que nos remete a sociedade portuguesa em transição.

Referências bibliográficas:

LOPES, Oscar; SARAIVA, Antônio José.Gênese da ficção medieval em prosa.In: História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editoraa, 2001. P. 93 -99.