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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube!

De onde veio o mote da peça de Gil Vicente, A farsa de Inês Pereira, “mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”?

Trata-se de um mote que foi dado por algumas pessoas descrentes no talento de Gil Vicente, servindo, assim, como ponto de partida para a criação da farsa.
O teatro de Gil Vicente era algo inovador e por isso muitas pessoas acreditavam que ele plagiava suas peças. Audacioso, Gil Vicente aceita o desafio, surgindo deste modo “A farsa de Inês Pereira”.
A farsa já se inicia com uma explicação do autor sobre sua origem, como vemos no trecho a seguir:
A seguinte farsa de folgar foi representada ao muito alto e mui poderoso Rei Dom João, o terceiro do nome em Portugal, no seu convento de Tomar. Era do Senhor de 1523. O seu argumento é que, porquanto duvidavam certos homens de bom saber se o autor fazia de si mesmo estas obras, ou se a furtava de outros autores, lhe deram este tema que fizesse, scilicet, um exemplo comum que dizem: “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube.” E sobre este motivo se fez esta farsa. (VICENTE, p.61. 2002)

Assim, Gil Vicente constrói a farsa em cima do mote que, diga-se de passagem, é mais do que bem desenvolvido ao longo da história, pois ele usa dos tipos sociais e de um enredo comum para surpreender o público com seu jeito irônico de fazer teatro.
Inês é uma moça por casar e que possui o sonho de ter para marido um “homem avisado/ ainda que pobre e pelado.” (VICENTE, p.68, 2002), ou seja, o mais próximo possível de um fidalgo, pois ela é uma burguesinha provinciana. Acontece que Inês recebe o seu primeiro pretendente, Pero Marques (asno que me carregue) e não o aceita de forma alguma, zombando dele, pois apesar de ter dinheiro, Pero é um camponês muito simples que nem ao menos sabe usar uma cadeira.
Desta forma, aparece em sua casa dois judeus casamenteiros e lhe iludem descrevendo o marido que Inês sempre quis: um escudeiro educado, que sabe cantar e tocar instrumento e que possui maneiras gentis. Assim, Brás da Mata (cavalo que me derrube), um interesseiro que apenas quer dar o golpe em Inês, tenta conquistá-la com sua boa lábia, pois o casamento iria lhe tirar da miséria, afinal não tinha dinheiro nem mesmo para pagar o seu criado.
Encantada, Inês se casa com Brás da Mata, mas descobre neste casamento todo o desgosto do mundo, passando a desejar a morte do marido. Ele não a deixa ir a lugar algum e nem mesmo olhar pela janela, Inês passa a viver como uma prisioneira. Eis aqui então uma parte do mote bem desenvolvida: Brás da Mata é como um cavalo, elegante e bonito, mas que derruba Inês. Em busca de glória, Brás vai para a guerra lutar contra os mouros e acaba morrendo de forma desonrosa e Inês vê-se livre do seu odioso casamento.
Mais experiente, Inês decide que se casará apenas com um homem que faça todas as suas vontades, e assim, volta a aparecer em cena Pero Marques, que como podemos perceber é o asno que a carrega. Marido mais bondoso que Pero não existe, Inês é livre para fazer o que quer, pois ele só quer lhe agradar. Aproveitando de toda essa liberdade e da ignorância do marido, Inês comete adultério com um antigo namorado que se tornara Ermitão, um ermitão que reza para o deus do amor.
Tamanha é a ingenuidade de Pero Marques, que, quando Inês diz que o ermitão está muito sozinho, que ela quer lhe fazer companhia, ele se dispõe a levá-la nas costas para atravessar um rio, pois a esposa dissera-lhe que estava grávida e se tomasse friagem poderia perder o bebê.
Inês se vinga do primeiro casamento aproveitando-se do segundo marido e durante esta travessia vai cantando e pedindo para que Pero a responda. Sua canção é cheia de ironia, como podemos perceber no trecho a seguir:
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos amo;
Sempre fostes percebido
pera gamo.
Carregado ide, noss amo
Com duas lousas
Pero: Pois assi se fazem as cousas
Inês: Bem sabedes vós, marido,
Quanto vos quero;
Sempre fostes percebido
pera cervo.
Agora vos tomou o demo
Com duas lousas
Pero: Pois assi se fazem as cousas. (VICENTE, p.102-103, 2002)

Inês chama ao marido de “cervo”, dando a ambigüidade de ser ele um servo e também um animal com chifres, e, alegremente, Pero vai respondendo-a no decorrer do caminho. Esta peça mostra a grande criatividade de Gil Vicente, que desenvolveu brilhantemente o mote que lhe foi dado, usando de todos os elementos que caracterizam o teatro vicentino.

Referências bibliográficas:
VICENTE, Gil. O auto da barca do inferno. In: Série bom Livro. 5ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Gêneros Textuais: Questionário importantíssimo!

Gêneros textuais é um assunto extremamente importante e atual, principalmente para os futuros professores de língua materna, pois é uma nova proposta que não visa somente o ensino da gramática pela gramática, mas uma reflexão a respeito das diversas esferas sociais e os gêneros que nelas estão inseridos. Através da perspectiva dos gêneros textuais, o aluno aprende onde e quando utilizar o que aprende na escola em suas diversas situações comunicativas, portanto, é importante para nós, futuros professores, estarmos atualizados!
Então, segue ai umas questões acerca do assunto que devem estar esclarecidas na nossa mente.

1 – Conceitue Gêneros textuais/discursivos, segundo embasamento teórico em Marcuschi e Koch.

R: Os gêneros textuais/discursivos abarcam a grande diversidade de textos que ocorrem nosdiferentes ambientes sociais, os quais são materializações lingüísticas do discurso. Na visão de Marcuschi, caracterizam-se “como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos.” (Marcuschi, p.19,2005). Surgem de acordo com a necessidade comunicativa das pessoas e são, segundo Bakhtin, formas de enunciados relativamente estáveis. Koch & Elias, por sua vez, reforçam a ideia de que são inúmeras as vezes em que não somente lemos, mas nos comunicamos através de textos diversos e por isso seria impossível contabilizá-los, pois os gêneros estão profundamente ligados a vida das pessoas e atualmente estão sendo sistematicamente estudados por profissionais da área da linguística.

2 - Quando e onde estão presentes os gêneros?

R: Estão presentes no cotidiano das pessoas, inseridos nas mais diversas esferas sociais, seja através de um diálogo, uma carta, um telefonema e entre outros gêneros que são usados para a comunicação social. Cada gênero possui uma função social e por isso são encontrados em todo lugar, pois segundo Koch & Elias, são diversas as vezes ao dia em que lemos e nos comunicamos através de textos diversos, tantas que seria impossível contabilizá-las.

3 – Por que os gêneros são indicados pelos PCNs para ensino nas escolas?

R: Porque é necessário ensinar aos alunos como e onde utilizar o que se aprende na escola, pois é tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação” (PARANÁ, 2009. p. 48). Apoiar um ensino pautado nos gêneros é dar ao aluno uma nova perspectiva e colocar o professor na sua verdadeira função de educador de língua materna, que não é mais somente um especialista em textos literários e científicos, mas sim um conhecedor das diversas modalidades textuais, orais e escritas utilizadas na sociedade. Deste modo, a sala de aula se transforma em um espaço para produzir e interpretar textos. Sendo assim, o trabalho com o gênero daria ao aluno muitas oportunidades de interação social, o possibilitando de compreender a intencionalidade dos textos com os quais ele se depara em seu cotidiano, fazendo com que o aluno, de fato, se aproprie dos gêneros para se inserir em uma comunidade letrada. (GODOY, 2012)

4 – Como se dá o contínuo discurso, texto e gênero?

R: O discurso, de modo geral, diz respeito à própria materialização do texto, agindo como o texto em seu funcionamento sócio- histórico, é o resultado de um ato de enunciação, dando-se na manifestação lingüística. Em suma, o discurso é a melhor forma de observar a língua em suas atualizações no contexto prático. O texto trata do objeto linguístico que vai além da frase, podendo ser ao mesmo tempo um processo e um produto, assim, o texto envolve o léxico e a sintaxe e é um evento comunicativo que envolve o produtor, o receptor e as condições de produção. Já os gêneros tratam-se de textos orais ou escritos que se materializam nas diferentes esferas comunicativas em que o ser humano está inserido. São textos que encontramos na nossa vida diária que são constituídos da estrutura composicional, do conteúdo temático, estilo e função social, por exemplo, o diálogo familiar é um gênero oral, dá-se no discurso entre pai e filho e não deixa de ser um texto materializado por meio da fala. Assim, o contínuo discurso, texto e gênero estão intrinsecamente ligados.

5 – O que se compreende por competência metagenérica?

R: Competência metagenérica, segundo Koch& Elias, é a capacidade do indivíduo de identificar os diferentes gêneros mesmo que estejam em diferentes suportes. Por exemplo, o individuo, graças a sua competência metagenérica, é capaz de identificar um bilhete mesmo que esteja escrito na parede.

6 – Como se constituem os gêneros?

R: Segundo o conceito Bakhtiniano, os gêneros se constituem de três elementos intrinsecamente ligados: o conteúdo temático, a construção composicional e o estilo e ainda se tem a função ou propósito comunicativo.

7 – Explique o que se entende por estrutura composicional, conteúdo temático, estilo e função ou propósito comunicativo de um gênero.

R: O conteúdo temático, basicamente é aquilo que dizemos/escrevemos nas situações comunicativas em uma esfera social. É o tema do qual se trata o gênero, por exemplo, o artigo de opinião vai tratar de temas polêmicos da atualidade. Os outros dois, a construção composicional e o estilo são definidos a partir do conteúdo temático. A construção composicional compreende nos recursos gramaticais, lexicais e fraseológicos empregados na construção do texto. A respeito do estilo, podemos observar que alguns gêneros, como os literários, são mais abertos para que a pessoa que o escreve marque a sua individualidade no texto, mas nem todos os gêneros possibilitam esta reflexão da individualidade do falante (BAKHTIN, 2003), ou seja, eles são caracterizados de acordo com o estilo do gênero e não de quem o escreve, como é o caso, por exemplo, dos textos de atividades jurídicas. Por isso, não é válido perante as leis, um boletim de ocorrência em formato de poesia, pois isto reflete a individualidade do escritor e não é esse o estilo que condiz com essa esfera social. O propósito comunicativo é para quem se dirige o gênero e a sua função dentro da sociedade.

8 – Diferencie gêneros textuais de tipo ou tipologia textual. Exemplifique.

R: Os gêneros textuais são mais abrangentes e compreendem todos os textos e discursos que se produzem nas diferentes esferas sociais. Já os tipos de textos ou tipologia textual são mais restritos. São elas: injuntiva, narrativa, argumentativa, descritiva, informativa e expositiva; por exemplo, um gênero pode conter vários tipos de texto, mas com predominância de um.

9 – O que se entende por intergenericidade (koch) ou intertextualidade/ hibridização intergêneros (Marcuschi)? Exemplifique.

R:  Intergenericidade ou intertextualidade / hibridização intergêneros ocorre quando um gênero se dá nas formas de outro, é bastante comum na esfera publicitária, pois eles precisam usar de várias artimanhas a fim de vender o seu produto. Por exemplo, uma tirinha que apresente as características de uma receita, o leitor, por meio de sua competência metagenérica, saberá identificar que não é uma receita, e por isso não a levará a sério a ponto de realizá-la, pois sua função não é de receita.

10 – Explique o que se entende por heterogeneidade tipológica.

R: É quando se tem mais de um tipo de texto presente no gênero em questão, uma narrativa e uma descrição não serão iguais umas as outras, elas apresentam tipos de textos narrativos e descritivos que os fazem ser classificados como tal, mas não significa que são iguais. Koch ressalta que um gênero pode apresentar duas ou mais tipologias textuais e que esse conceito não se confunde com o de gênero textual.

11 – Analise alguns gêneros do ponto de vista de sua composição, conteúdo temático, estilo, função comunicativa e sua heterogeneidade tipológica.

R: O artigo de opinião usa em sua composição de recursos argumentativos a fim de persuadir o leitor e fazê-lo aderir o posicionamento do articulista, trata de assuntos polêmicos da atualidade e é impessoal, o articulista usa de outras vozes para comprovar e dar veracidade aos seus argumentos. A sua função, em suma, é persuadir o leitor e informa-lo sobre o que está acontecendo; Em sua composição existe várias sequencias tipológicas, mas há a predominância da argumentativa.
A charge, por sua vez, é um tipo especial de cartum (maneira de emitir opiniões e acontecimentos do dia a dia). O seu conteúdo temático refere-se à crítica humorística de um fato político, por esse motivo é necessário saber o que anda acontecendo na sociedade para entender a charge. Em sua construção composicional podemos observar que as pessoas representadas têm suas características físicas exageradas a fim de despertar o humor. O estilo da charge, assim, é por meio de uma ilustração, satirizar um acontecimento político atual envolvendo uma ou mais personagens. È considerada um poderoso instrumento de comunicação sócio-político e tem um papel importante na história recente do Brasil, funcionando também como uma maneira de liberdade de expressão, o que podemos chamar de função social.
A notícia é um gênero que se pauta na realidade dos fatos para nos informar sobre uma ocorrência, por esse motivo é sempre atual, pois uma notícia de ontem ou do passado já não interessa mais ao público. Assim, busca apoio em meios de comunicação como a televisão, internet, outros jornais impressos ou não Seu estilo dá-se pela imparcialidade de quem a escreve, pois diferente do estilo literário, onde o autor deixa suas marcas e opiniões transparecerem, na notícia isso não é viável. Sua construção composicional, portanto, é por meio de uma narração técnica, relatar os fatos acontecidos. Assim sendo, por relatar fatos condicionados ao interesse do público em geral, a linguagem necessariamente deverá ser clara, objetiva e precisa, isentando-se de quaisquer possibilidades que porventura tenderem a ocasionar múltiplas interpretações por parte dos receptores. Sua função social é explicita: busca informar os acontecimentos recentes de interesse da grande massa. Quanto à tipologia usada, encontram-se a descritiva, a informativa e a narrativa, com predominância da informativa.

12 – Explique o que são suportes e esferas ou domínios discursivos. Exemplifique.

R: Ainda se tem uma definição bastante vaga para suporte, pois a definição dessa palavra nos dicionários de língua portuguesa nos deixa uma compreensão muito precária do significado se tratando de gêneros textuais. Logo, tentando aproximar-nos o máximo possível de uma “definição” adequada para o termo no quesito de gêneros, entendemos aqui como suporte de um gênero “um locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.” (Marcuschi, p.8) Por exemplo, a carta é um gênero, mas o papel é o suporte do gênero, a tinta é o material da escrita e os correios o serviço de transporte desse gênero em questão.
Já as esferas sociais, ou domínios discursivos, como ressalta Bakhtin, são as esferas da atividade humana, não sendo consideradas como princípios de classificação de gêneros, mas sim que indicam instancias discursivas, por exemplo, o discurso jurídico, o jornalístico,  militar, acadêmico e etc. Não abarcam um gênero específico, mas propiciam o surgimento de vários outros, constituindo, assim, práticas discursivas onde podemos encontrar um conjunto de gêneros textuais próprios ou específicos daquela esfera, por exemplo, o boletim de ocorrência é próprio da esfera jurídica, o dialogo familiar é próprio da esfera familiar e assim por diante.

Referencias bibliográficas

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GODOY, L. M. Gêneros textuais e transposição didática realizada pelo livro didático. In: IX Seminário de Iniciação Científica SóLetras Estudos Linguísticos e Literários, 2012, Jacarezinho: UENP, 2012.
KOCH, E. V. & ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.;
________________. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A. M (Org.). Gêneros Textuais: Reflexões e Ensino. Palmas e união da Vitória (PR): Kaygangue, 2005.
________________. A questão dos suportes dos gêneros textuais. Disponível em: <http://www.sme.pmmc.com.br/arquivos/matrizes/matrizes_portugues/anexos/texto-15.pdf.> Acesso em: 17 Jun. 2013
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa: para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2009.



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Resenha: Uma dose diária de felicidade

Lembram-se que eu disse que o processo de se fazer uma resenha é trabalhoso e requer paciência? Depois de tanto apanhar, devido a proposta de minha professora de Iniciação Científica, tentei, tentei e tentei! E saiu algo que a professora elogiou... Sério, eu ainda não acredito que ela tenha elogiado, mas estou compartilhando com vocês para observarem o quanto melhorei da primeira resenha para esta! É isso ai pessoal e o conto O natal de Elza recentemente virou livro! Isso mesmo, foi publicado pela Editora Scortecci, então fiquem de olho, interessados corram lá! Eu já tenho o meu, pois gostei muito!

Uma dose diária de felicidade

Letícia Maria de Godoy

JOB, Sandra Maria. O natal de Elza. Revista Desassossego, Universidade de São Paulo-USP, p. 150 - 153, 05 jun. 2011.

Doutora em teoria literária pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC e atualmente professora da Universidade Estadual do Norte do Paraná, UENP, Sandra Maria Job é uma autora que faz da literatura um instrumento para questionar a posição da mulher negra na sociedade e entre outros fatores que a levam para um engajamento social, fato este que pode ser observado a partir de suas pesquisas. Toda essa sensibilidade também se faz presente no conto O natal de Elza, onde a autora explora, por meio de uma linguagem acessível, os limites da esperança humana deixando o leitor com a dúvida se o fato fora ou não verdade, mostrando, assim, sua capacidade de transformar o que poderia ser apenas um simples conto em algo grandioso e emocionante de intensas reflexões.
O conto retrata as expectativas criadas pela pequena Elza a respeito do seu grande desejo de que o papai Noel, lhe traga na noite de natal uma boneca, o natal de Elza, porém, não é somente mais um conto natalino, pois Job nos remete a simplicidade da vida que a personagem leva, mostrando a realidade de grande parte da população menos favorecida que também vive nas mesmas condições, de forma elaborada, porém acessível, a autora trata de questões políticas e sociais, mas sem deixar de emocionar o leitor com as cenas de forte laço afetivo existente entre mãe e filha, ressaltando assim a importância da família e o importante papel da mulher na sociedade.
Job, com maestria, ainda permite que o leitor sinta e reconheça a simples vida de Elza, fazendo-o viver com ela a esperança que a mãe lhe dá sobre a vinda “dele”, criando assim uma forte expectativa. Ao tomar o partido de Elza, o leitor se emociona com a inocência dos sonhos de uma criança que os torna sua dose diária de felicidade, levando-o a uma intensa reflexão sobre um período, onde apenas a esperança norteia a vida dos menos favorecidos.
Diferente dos contos típicos de natais, em prosa, detalhistas e fantásticos, como o conto de Hans Christian Andersen, A pequena vendedora de fósforos, a autora nos trás um conto inovador, trabalhando com a realidade vivenciada, abordando o tema da esperança não de forma triste ou trágica, mas com uma magia especial, tornando o conto acessível para todas as idades.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Deception


Today my day was painted dark, gleaned from red blood and with a lighter shade of gray to complete the melancholy of the happy days that left me at the same speed that I found.
I knew what happiness would last too little, or tried to believe it would be worth getting attached to it and believe that last for a long time.
But it wasn't so.
Anything is easy in life , we all know that, but the more complicated is when you see your dream being thrown into the air and no one, no one caring about him. I have dreams, everyone knows it and never measure efforts to run after them, but it's like Drumond already said ...
In the middle of the road was a stone
Had a stone in the way
Had a stone
In the middle of the road was a stone.
I will never forget this event
In the life of my retinas so tired.
Never forget that halfway
Had a stone
Had a stone in the way
In the middle of the road was a stone. (My translation)

What does this mean? The difficulties haunt us and has haunted me more than ever. Launching Points of Life could be a promising start, but was not. Despite the success of the book, many adventures around their composition are making me give a little more to tie in a new edition / drawing, that would be quite interesting. I just have to thank everyone who got their copies, and I ask my sincerest apologies to those who failed for lack of the book, but for lack of willpower (not on my part, because I was called delusional, unrealistic and naive by want this so bad) I think this project is being shelved ... And here I am, giving my face again to receive blows, while humbly seek to be a publisher account to publish my first novel soil.
Thank you all for listening to the rant that both needed to do, I sincerely hope to bring new things to you, that always has supported me a lot!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Novelas de cavalaria: José de Arimateia, A demanda do santo Graal e Amadis de Gaula


Portugal passou por inúmeras dificuldades até conseguir conquistar sua independência na península Ibérica, ela está muito ligada à diferenciação das atividades econômicas da região e as rivalidades dos grupos feudais. Mas esta conquista também não era estável, visto que existiam inúmeros conflitos internos durante este período que perduraram até o reinado de D. Afonso III
Além de enfrentar os conflitos político-militares, eles também tiveram de lidar com a invasão dos mouros, o que fez com que cavaleiros de toda parte viessem para Portugal para lutar e deixassem para trás suas esposas e donzelas apaixonadas, tema bastante abordado nas cantigas trovadorescas. Depois de conseguir expulsar os mouros, Portugal começou a ser impulsionado para o progresso, com isso, a Igreja ganhou mais poder visto que a visão teocêntrica era dominante, afinal não poderia se existir feudalismo sem teocentrismo e vice-versa.
Portugal alcançou o seu ápice de desenvolvimento comercial com o reinado de D; Dinis, este rei incentivou inúmeras atividades importantes para a nação Portuguesa, inclusive a construção da Universidade Portuguesa, ele também foi um grande trovador. Com o tempo, houve modificações drásticas no cenário político de Portugal, principalmente com a dinastia de Avis, que marcou a vitória da burguesia, levando o país para novos rumos como as grandes navegações e descobertas de novos territórios.
Ainda no contexto medieval, no meio de uma sociedade temente a Deus e muito influenciada pela igreja, surgem as novelas de cavalarias que são uma evolução das canções de gestas (poesias de temas guerreiros). Elas, na realidade, são originárias da França e da Inglaterra e foram divididas em três ciclos: o clássico, ou Greco- latino, o carolíngio e o Bretão ou arturiano. Em Portugal o ciclo que se desenvolveu, de fato, foi o bretão. Utilizando-se da “matéria Britânica”, as novelas de maior destaque é José de Arimateia, Merlin e A demanda do santo Graal. Também podemos incluir o Amadis de Gaula que acompanha este ciclo, mas que já faz parte de um período diferente.
Sabemos que a versão portuguesa de Merlin foi perdida e restou apenas a espanhola, mas as outras três foram conservadas e são as mais conhecidas. Essas novelas de cavalaria são traduções portuguesas das obras originais e são as primeiras formas de prosa portuguesa. A igreja, a fim de passar valores para a sociedade, foi uma grande influente nessas adaptações, através das novelas de cavalaria ela impôs a imagem do cavaleiro, até então visto como um homem sujo e desonesto que violava mulheres e saqueava por onde quer que passasse mesmo estando a serviço de Deus, como um homem íntegro,  leal e casto.
Nas novelas de cavalaria, o amor não é mais platônico como nas cantigas trovadorescas, ele é correspondido pela senhora que por ser casada deve contê-lo. Isso é chamado de “amor cortês”, na maioria das vezes, o casal não tem um final feliz e é severamente punido por cometer o pecado de amar. Um grande exemplo deste amor cortês é a relação entre Lancelotte e Guinevere. Logo, é ressaltada nestas novelas de cavalaria a castidade do cavaleiro, para ser um bom cavaleiro, é necessário manter-se casto e leal ao seu senhor. Assim, observa-se que na demanda do santo Graal, toda espécie de amor é considerada pecaminosa.
Fazendo um breve comentário a respeito destas obras, na primeira, José de Arimateia, conta-se a história de José que era da cidade de Arimateia que acompanhou os passos de cristo, depois de sua morte, ele guardou o seu sangue em um santo vaso que guardou por toda a sua vida, até mesmo quando esteve preso alimentando-se dele. Depois de sua morte, ele passou este vaso para o seu filho e mais adiante ele seria conhecido como o Santo Graal, que é o tema principal da Demanda do Santo Graal.
Em a Demanda do Santo Graal, contam-se as aventuras do rei Arthur e os seus cavaleiros da távola redonda. Lancelotte é considerado o melhor cavaleiro do mundo, mas a narrativa descreve a sua única falha. Embora seja um homem casto, ele nutre um amor secreto pela rainha Guinevere, mulher de Arthur, o qual é correspondido pela mesma. Este amor simboliza o cavaleiro terreno que não consegue alcançar a divindade por pecar. Quando é organizado a demanda para ir em busca do Santo Graal, Lancelotte ainda decide participar, mas ele, influenciado por Merlin, acaba se envolvendo com uma princesa acreditando veemente ser ela a mulher que ama e assim nasce Galaaz.
Seu filho Galaaz é o ideal do cavaleiro celestial, pois segue uma vida correta e nunca conhece o amor por mulheres, dedica-se na expedição em busca do Santo Graal e o encontra, o que prova que ele é sim o cavaleiro celestial. Logo, podemos perceber o quanto os preceitos religiosos são impostos nesta obra, pois, ela descreve que a  partir do cavaleiro terreno, nasce um ser melhor que é o cavaleiro celestial.
Já o Amadis de Gaula é um tanto diferente das outras novelas de cavalaria, nela o amor se consolida e já se pode perceber um novo comportamento do homem em relação a sociedade. Um dos problemas que envolvem essa obra é a sua autoria.  Não se sabe ao certo quem a escreveu, pois esta é a única novela de cavalaria que não estava presente na biblioteca de D. Duarte. Existem os que defendem a tese de que ela é de autoria portuguesa e aqueles que defendem que é de autoria castelhana, mas até hoje não se entrou em um consenso.
O Amadis de Gaula fala a respeito do amor proibido de uma princesa (Elizena) com o rei Perion que resulta no nascimento de Amadis. Como a princesa não podia cuidar dele, pois na época era uma atrocidade uma donzela engravidar antes de se casar, sua criada Darioleta botou-o dentro de um cesto e colocou-o no rio. Essa parte da história muito se assemelha a história de Moisés, e assim que um casal simples o encontrou, decidiu cuidar dele. Amadis cresceu e tornou-se cavaleiro e sua missão foi cuidar de uma princesa chamada Oriana da corte de Lisuarte. Acontece que os dois se apaixonam e o amor de Amadis por esta senhora é tão intenso que ele arrisca sua vida em muitos momentos para salvá-la e provar-lhe que a ama, logo, existe sim a servidão total do cavaleiro a senhora, mas diferente das outras novelas de cavalaria, além deste amor ser correspondido, ele também é consumado.
Essas novelas de cavalaria ainda são utilizadas em diversos textos até os dias de hoje, mas ganharam, é claro, uma nova roupagem. São fontes de estudo extremamente importantes para compreender a sociedade da época, seus costumes, gostos e valores, mesmo que nestas obras, em alguns momentos se apresentem temas místicos, como o mago Merlin, ainda assim são grandes obras de cunho épico que nos remete a sociedade portuguesa em transição.

Referências bibliográficas:

LOPES, Oscar; SARAIVA, Antônio José.Gênese da ficção medieval em prosa.In: História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editoraa, 2001. P. 93 -99.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lançamento Pontos da Vida

Olá meus caros leitores... É com grande prazer que lhes informo que, finalmente, o livro ficou pronto! Nem consigo descrever minha emoção diante deste fato, pois eu esperei tanto tempo! Meus amigos, também autores do livro, penso eu, que estão na mesma situação, afinal por vários momentos o livro perigou não sair. O que seria uma pena! Mas tudo deu certo e amanhã a materialização do nosso sonho será apresentada na faculdade, diante de todos os nossos amigos e eu nem consigo pensar neste momento. Não é que eu seja tímida, mas o friozinho na barriga é inevitável só de pensar.
Não pretendo ficar SÓ NISTO, eu estou pensando que com a venda de Pontos da Vida (infelizmente temos uma cota bastante pequena de livros) irei pagar o meu cadastramento na Biblioteca Nacional e também o ISBN para que assim eu possa já PARA ONTEM (risos) publicar um dos livros que escrevi solo. Aliás, um que eu já falei muito a respeito dele, demorou para ficar pronto, mas ele está aqui arquivadinho, pretendo mexer nele e quem sabe, futuramente, vocês já possam comprá-lo! Seria incrível, não é? Mas para hoje o que temos é Pontos da Vida, livro no qual eu tenho um capítulo intitulado "Memorial das Desventuras", gosto bastante dos três contos que nele será publicado. Fizeram partes de momentos importantes da minha vida e agora, finalmente, outras pessoas poderão lê-los.
Sinto-me com aquela sensação de dever realizado. De... De medo de que tudo seja um sonho e amanhã eu acorde em minha cama e descubra que nada disso é real... Espero, mesmo, que seja somente uma impressão (risos).
A vocês, meus fiéis leitores, eu só tenho a agradecer, pois foi graças a todos que eu tive motivação suficiente para NÃO DESISTIR! Porque, por muitos momentos, pensei em abandonar esta minha carreira amadora de escritora, pois, em muitos momentos pensei e tive certeza de que não tinha talento o suficiente para tal.
Amanhã, dia 26 de abril de 2013, a primeira realização do meu sonho se tornará real. A primeira, que fique claro, pois vocês podem esperar MUITO de Letícia Maria de Godoy!
Obrigada, obrigada mesmo! Um beijão pessoal!

Local: PDE - UENP/ CJ (Fafija)
Hora: 20:00 hrs
Data: 26/04/2013
Participação Especial: Professor Benedito Antunes (UNESP -Assis)


terça-feira, 9 de abril de 2013

A Educação em Siqueira Campos pede socorro!


Como alguns já devem saber, alguns dos nossos queridos vereadores não querem aprovar o apoio ao transporte universitário. Fazendo com que não tenhamos um transporte público que nos leve até as universidades. Se esse projeto realmente não for aprovado, teremos de arcar com todas as despesas do ônibus, gerando uma mensalidade absurda e inviável para a maioria dos universitários, sendo que a prefeitura tem por obrigação fornecer transporte gratuito. A reunião para decisão acontecerá hoje às 20:00 hrs na Câmara dos Vereadores.

Peço à todos que nos mobilizemos e não fiquemos quietos. Será organizado um manifesto às 19:30 hrs na Praça Brasil (praça da Igreja Matriz). Levem cartazes, tinta, tambores, narizes de palhaço e o que a criatividade de vocês mandar!

Vamos reivindicar o que é, por direito, nosso! 
Conto com a colaboração de todos os siqueirenses. Obrigado!

terça-feira, 19 de março de 2013

Os gêneros literários na concepção de Wellek e Warren.


A literatura não é somente um amontoado de textos que possuem algo semelhante entre si, por isso a classificação de gêneros é tão importante.
Um gênero literário é como uma instituição social, ele existe como uma instituição e não como um animal, ou uma capela, uma biblioteca.  Dentro de uma instituição podemos trabalhar, se desenvolver e até mesmo criar uma nova. Para melhor compreendermos, a teoria dos gêneros é um princípio de ordem que classifica as obras não por tempo ou lugar, mas por meio de tipos de organização ou estrutura especificamente literários. (WELLEK, WARREN, 2003)
O que se torna questionável é o fato de se poder basear-se em livro para analisar outro, pensando-se se existe semelhantes de fato entre eles. Um gênero não permanece imutável, uma vez que se é acrescentado novas obras conforme elas vão sendo criadas e cada qual possui uma característica própria, mesmo fazendo parte de um mesmo gênero, podendo apresentar algo extremamente novo dependendo da forma como é colocado.
Aristóteles e Horácio são as referências clássicas do gênero literário, compreendendo-as em diferentes formas, tendo assim divisões em tragédia e epopéia. Porém Aristóteles foi mais consciente quanto a distinções mais fundamentais, e apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
É claro que com o passar dos tempos estas divisões sofreram modificações até se transformar na teoria como a conhecemos hoje. Algo que mudou de forma bastante drástica foi a maneira de enunciar uma epopéia, por exemplo,  para Aristóteles e os gregos as epopéias  deveriam ser recitadas por um rapsodo e algumas eram acompanhadas por instrumentos musicais e hoje em dia a maioria das obras são lidas com os olhos, em silêncio, com exceção ainda ao drama que necessita de todo um espetáculo para nos transmitir sua verdadeira intenção.
 Outros estudiosos também estudaram as divisões dos gêneros, conforme seu conhecimento e alguns acreditavam que a epopéia era o mais importante gênero literário, outros acreditavam que era a tragédia e ainda existiam os que acreditavam que ambas eram importantes de forma igualitária.
No decorrer dos anos, foram estudados os “tipos” de literatura, já que no inglês a palavra gênero foi atribuída na compreensão literária muito tarde, e muitos dos estudiosos acreditavam também nos subtipos, diferenciando ainda mais as características que deveriam ser atribuídas a uma obra para ser classificada de acordo com aquele subtipo, um exemplo é o romance e o romanceiro.
Algo que deve ser muito importante ao estudar os gêneros é o fato de que não se deve confundir a teoria “clássica” de gêneros com a “moderna”. A teoria clássica é regulamentadora e prescritiva, embora suas “regras” não sejam o autoritarismo tolo ainda atribuído frequentemente a elas. Acredita-se que os gêneros devem sim ser separados e não podem ser misturados, que não se pode permitir esta mistura, Por exemplo, a tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a outro. Logo, esta visão na teoria clássica seria “errônea”, se um gênero é dramático, não se deve misturá-lo ao lírico e assim por diante, deve-se mantê-los puros.
A teoria clássica também diferiu socialmente os gêneros. A epopeia e a tragédia lidavam com os assuntos reais e grandiosos, a comédia com os fatos corriqueiros do dia a dia, e a sátira e a farsa com as pessoas comuns. Tais distinções não pararam somente nestes quesitos, mas foram além englobando também a extensão da obra, ou seja, o esforço de quem a escreveu e outras características.
Já a teoria moderna dos gêneros é totalmente descritiva, ela não impõe regras para os autores e possibilita a “misturas” dos tipos para originar novos tipos, não está preocupada em diferenciar tipo e tipo e sim em dar importância as obras de cada gênio original a fim de encontrar denominadores comuns entre elas para descobrir o seu tipo e seus objetivos literários.
O prazer da leitura vai acontecer se o leitor perceber uma novidade na obra literária, mas se esta novidade for completamente incompreensível ao leitor, este não poderá apreciá-la, portanto, o bom escritor deve-se conformar com os gêneros já existentes e criar algo novo dentro dos recursos que possui alargando o gênero para melhor o beneficiar.
Podemos então dizer, mesmo que cada ideia diferente a respeito dos gêneros gere outras perguntas infindáveis, que a literatura deve-se inovar constantemente através da rebarbarização.  As formas literárias mais complexas desenvolvem-se a partir de unidades mais simples, e por conta disto é que se pode existir todos os outros gêneros originados dos primitivos.
De um modo geral, os gêneros literários envolvem a história da literatura e a crítica literária, levantando contextos especificamente literários, as questões filosóficas referentes á relação da classe e dos indivíduos que a compõem, ao um e ao múltiplo, a natureza dos universais. Mas que fique claro, a concepção de gêneros é mais importante para fins didáticos, e claro, para que possamos compreender o que diferentes autores quiseram mostrar em diferentes épocas, seguindo um conhecimento de mundo que tinha no momento histórico que viveram.

Referência

WELLEK, René; WARREN, Austin, Teoria da literatura e metodologia dos estudos literários. São Paulo: Martins Fontes, 2003


ps: Não plagie, se usar do meu texto em algum lugar, dê as devidas referências!

terça-feira, 12 de março de 2013

Introdução aos gêneros literários



D’Onófrio defende a ideia de que a literatura é uma forma “de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de expressão a linguagem artísticamente elabora” (D’ONÓFRIO, p. 9, 2000), ou seja, a literatura é uma forma de conhecer o mundo em que se usa da arte para se criar um universo imaginário onde os valores são questionados.
Porém, fazer tal afirmativa não significa que a ficção é falsa, ela apenas  não existe históricamente, a personagem chega até mesmo a ser mais real do que a pessoa real, como afirma D’Onófrio, pois ela não precisa se esconder atrás de um status social e se mostra como verdadeiramente é perante a sociedade, o que as pessoas muitas vezes não tem coragem de fazer.
A literatura é usada como fonte de prazer, pois é a melhor maneira de se conhecer o mundo como verdadeiramente é, fazendo com que os homens pensem e reflitam a respeito de seus verdadeiros sentidos.
Ao longo de toda a história literária da humanidade foram escritas inúmeras obras, cada uma com suas características marcantes e por este motivo é que se existiu a necessidade de estabelecer classificações em gêneros e épocas. Aristóteles foi o primeiro estudioso da literatura que apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
Porém esta estética clássica foi rompida após o movimento de Sturm and Drag, pois os novos artistas a  consideravam um empecilho a livre imaginação criadora.
Sendo assim, a métrica a ser seguida é rejeitada e assim deixam de considerar o poeta artifice e a considerar o poeta “inspirado”, nesta concepção romantica da arte o espírito “dionísico” sobrepõem-se ao “apolíneo”.
Após esta forma romântica então, dá-se prioridade a literatura descritiva onde
a teoria dos gêneros não limita o número das espécies possíveis, admite a possibilidade de mistura dos gêneros existentes e do surgimento de formas literárias novas. A tripartição clássica em gênero épico, lírico e dramático é substancialmente mantida, embora restaurada. (D’ONÒFRIO, p.11, 2000).

A tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a  outro.
Já Northop que estudou os gêneros pela teoria dos mitos, sendo o mito da primavera a comédia, o mito do verão o romance, o mito do outono a tragédia, e o mito do inverno a sátira, dividindo assim a literatura em epos, prosa, drama e lírica.
Para Bakhtine existe a alternância de dois princípios estéticos, sendo eles o monologismo e o dialogismo que enformaram algumas obras literárias através dos anos.
O autor expõe os fatos de como se sucedeu a evolução da literatura tanto em uma visão diacrônica quanto em uma visão sincrônica que é um estudo de um determinado lapso de tempo, mas diz que a divisão em gêneros da literatura só possui, de fato, fins didáticos. O importante é saber e ter consciência da divisão entre poesia e prosa, não por limitar estes estilos, mas porque são diferentes, de fato, até na estrutura, mas isto não significa que não se possa existir poemas em prosa e prosas poéticas.
O que podemos concluir é que a classificação em um gênero literário é relativa, cada obra de alguma forma vai ter características de outra, mesmo que seja uma carnavalização de um estilo, pois uma obra “que não partilhasse com outros textos artísticos semelhanças de formas e de conteúdos, além de inclassificável, tal obra seria incompreensível.” (D’ONÒFRIO, p. 19, 2000).
Por isso, a literatura pode ser dividida em períodos distintos, como, por exemplo, o período vitoriano, a renascença, o século XX, cada um representando um objetivo diferente, dependendo da época em que surgiu e os fins que pretendia, tornando-se assim rótulos literários distintos.
A literatura, repleta de obras que retraram espíritos de épocas, ora com predominância do espírito dionísico, ora do apolíneo, nos dá a base de nosso mundo, da nossa cultura, em diferentes épocas e a divisão em gêneros, relembrando, é mais para fins didáticos. Independente de tudo isto, o importante é ser original, apresentar algo inovador para assim, tornar-se algo literário.

Referência

D’NÓFRIO, Salvatore. Literatura Ocidental. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 2000
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Uma breve explanação sobre os gêneros literários, que será assunto da grande maioria das aulas de teoria literária!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Precisando de livros e está sem grana? Corre aqui!


Olá pessoal! Hoje venho aqui falar sobre um assunto que é bastante incomodo quando ingressamos na vida acadêmica... Dinheiro!
Todo estudante anda meio apertado, não é mesmo? Ou pelo menos isso acontece comigo! E quando os professores começam a dizer os livros que temos que ler... Nossa, ficamos assustados e pensando: onde que eu vou comprar tudo isso?? Vai custar uma fortuna!
Acalmem-se! Quando o dinheiro estiver curto e a urgência for maior... Dou uma dica bastante simples para vocês: entrem no site ESTANTE VIRTUAL!
É isso mesmo! Este site é uma organização com vários sebos confiáveis do Brasil, tem milhares e milhares de livros, e o mais importante, o preço é muito bom!
Não pensem que vão comprar livros ruins e estragados não! Eu mesma comprei uma coletânea de livros que veio NO PLÁSTICO DE NOVO! E por quase metade do preço que seria em uma livraria comum, é só procurar e mesmo os livros que não são novinhos que estão a venda, estão em bom estado. Eu já comprei cerca de 20 livros no site e tenho uma estimativa de ter economizado cerca de 150 reais, digam: 150 reais não faz toda a diferença no fim do mês? Pelo menos para mim faz!
Então, eu acho importante ter todos os livros que são indicados pelos professores, pois isso forma a nossa bagagem, nosso apoio para quando formos realmente botar os nossos conhecimentos em prática, logo, a Estante Virtual tem sido minha melhor amiga! 
Recomendo e uso! E por este motivo não custa nada dar uma pesquisadinha né? Tipo eu estou vendo o livro 50 tons de cinza aqui (ok eu não vou comprar porque eu já ganhei de presente, mas é para uma amiga rsrs) o novo na livraria na minha cidade está 40 reais e sabe por quanto achei no site, novo nunca antes manuseado? 23 reais! Isso é muito barato não acham? É só um exemplo!
E boa leitura!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Fichamento... O que é isso?



O que é um fichamento?

Está ai uma dúvida que todos nós temos e nem todas as pessoas são capazes de nos esclarecer, começamos a ficar super confusos quando falam em fichamento e vai batendo um desespero de um tamanho que... Gente, eu não agüento a pressão!
Mas é para isso que eu existo! (risos)
Vamos começar então explicando as maneiras pelas quais é  possível fazer um fichamento, e claro, o que é um fichamento!

Fichamento é uma excelente maneira de ser guardar aquilo o que você leu, possibilitando que você ganhe tempo, pois se você fizer um bom fichamento, dificilmente precisará recorrer ao original a todo instante , a não ser é claro que precise rever alguns conceitos. Mais um motivo para se fazer um fichamento é que você também ganha maior entendimento do texto, pois precisa capturar o essencial!

Mas o que é fichamento? Ainda não entendi...

  • Vejamos antes o ele que não é :
  1. Não é resumo, embora possa conter resumos;
  2. Não é paráfrase, embora possa conter paráfrases do autor.

  • Fichamento é basicamente o arquivo do texto que você lê contendo a referência e o que você entendeu do conteúdo do texto de uma obra, de um texto ou mesmo de um tema.

Outras definições:

FICHAMENTO
  • Também chamada de fichas de documentação teórica (SEVERINO, 2000, p. 37). São de fundamental importância na construção de trabalhos científicos.

“O fichário é constituído primeiramente pelas fichas de documentação temática. Baseia-se nos conceitos fundamentais que estruturam determinada área do saber. Cada estudante pode formar seu fichário de documentação temática relacionado ao curso que está seguindo, a partir da estrutura curricular do mesmo”. (SEVERINO, 2000, p. 38).


Deixando bem claro, o fichamento então não é um “trabalho” acadêmico, na verdade é a construção do nosso conhecimento.
Para fazer o fichamento de uma obra ou texto você deve:
1. Ler o texto inteiro uma vez ininterruptamente
2. Ler o texto novamente, grifando, fazendo anotações e procurando entender o que o autor quer dizer em cada parágrafo (lembrem do Estudo pela Leitura Trabalhada)
3. Fazer o fichamento

Por exemplo, a professora nos deu o livro de Marcos Bagno para ler, tem muita informação e toda vez que eu quiser me lembrar do que falava tal capítulo eu não vou ter, às vezes, tempo de ir lá e abrir o livro folheá-lo para relembrar o que dizia. Por isso, vou consultar o meu fichamento a fim de me lembrar o que tinha lá...
Como assim??? Como é que eu faço um fichamento??? Ainda não entendeu não é?
Então aqui vamos nós.
O fichamento pode ser feito por quatro métodos. São eles:
  1. Bibliográfico (catalogação bibliográfica)
  2. Citação (transcrição)
  3. Resumo (de conteúdo)
  4. Opinião (de comentário ou analítico)

Fichamento bibliográfico: Ao menos para mim ele não é muito útil, mas quando não se tem uma biblioteca dentro de casa, as vezes é preciso fazer um levantamento bibliográfico. Neste tipo de fichamento você vai anotar somente a catalogação do livro e tudo mais, como se estivesse montando um banco de dados. Na faculdade, por hora, não irão usa-lo.

Fichamento por citação: Esse sim é o danado que todo mundo vai usar!
  • É o tipo de fichamento que vai ser composto de citações do próprio autor da obra lida. É a transcrição literal do texto.
  • Após leitura sistemática da obra, o estudante/pesquisador sublinha frases, parágrafos, partes que expressam a idéia principal do autor. Partes estas que podem ser transcritas no seu trabalho de pesquisa (artigo, monografia, ensaio...).
  • Tendo o cuidado de abrir e encerrar a citação com aspas, e indicar a página da qual se fez a transcrição. Quando se fizer supressão de alguma parte da obra, deve se indicar tal supressão com reticências entre colchetes [...].
  • Vejamos alguns exemplos.
  • Citação completa
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

"O homem nasce já inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do homem significa, em qualquer sociedade, que o indivíduo adquire todas as habilidades imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade (camada social) em questão. É adulto capaz de viver por si mesmo a sua cotidianidade" (p. 18).

  • Citação com supressão:

HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
"O adulto deve dominar, antes de mais nada, a manipulação das coisas [...] Mas embora a manipulação das coisas seja idêntica à assimilação das relações sociais, continua também contendo inevitavelmente, de modo imanente , o domínio espontâneo das leis da natureza" (p. 19).

Fiochamento por Resumo: Bem, neste tipo de fichamento você VAI LER todo o texto até ter uma compreensão exata dos fatos e então você vai resumir os tópicos, ou seja, é um fichamento não muito longo das idéias principais. Não é uma transcrição exata do que o autor disse, mas sim uma exposição do que você entendeu.
  • O autor da ficha vai por a sua compreensão do texto, usando seu próprio estilo. Não se afastando jamais das teses originais. Lembrando que um resumo é uma condensação das idéias do texto, sendo assim uma redução do texto.

Fichamento por Opinião (crítico, analítico):
  • É neste tipo de ficha que o estudante/pesquisador vai além de descrever o conteúdo da obra lida, ele interpreta, incluindo uma crítica pessoal às idéias expressas pelo autor da obra.
  • O fichamento crítico é a base, juntamente com o de resumo para a construção de resenhas.
  • Lakatos e Marconi (2003) afirmam que o fichamento crítico pode apresentar um comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolve seu trabalho, no que se refere aos aspectos metodológicos.
ASSIM, FICHAMENTO CRÍTICO:

  • É uma analise crítica do conteúdo, tomando com referencial a própria obra;
  • É uma interpretação de um texto obscuro para torná-lo mais claro;
  • É a comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema;
  • É a explicitação da importância da obra para o estudo em pauta.
  • É a elaboração pessoal sobre a leitura, e deve conter:
  1. Comentários (parecer e crítica)
  2. Ideação (novas perspectivas)  (DIAS, Luiz, 2012)

Ok, agora já definimos o que é um fichamento e por quais maneiras é possível fazê-lo... Mas a dúvida é agora: ONDE fazê-lo?
Bem, normalmente você faz um fichamento naquelas fichinhas de estágio, retangular (meio durinhas), que só tem as linhas. É nesse tipo de ficha que você faz, pois é como se fosse um banco de dados, então você coloca em ordem por tema, ou por nome, ou fica a seu critério, afinal é um meio de ganhar tempo, então escolham um jeito mais fácil de se fazer.
exemplo de fichinha.


Já no computador... A coisa muda, a ficha deve conter as seguintes informações:

 Assunto(tema)
Referência Bibliográfica completa
Texto da ficha
Tipo de fichamento
Biblioteca em que se encontra a obra

Algo parecido com isso. 
 
É claro que varia de acordo com cada professor e em cada situação, mas espero realmente ter ajudado!

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Referências:
DIAS, Luis. Como fazer fichamentos acadêmicos. 2012
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade e. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
___________. Metodologia do trabalho científico. 6. Ed. Revista e ampliada. São Paulo: Atlas, 2001.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica - a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 5. ed. São Paulo: Atlas 2003.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1984.
RUIZ, J. Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 1996.